A inadimplência do consumidor registrou alta de 6,37% em agosto de 2011, na comparação com o oitavo mês de 2010, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Foi a sétima elevação seguida nessa base de comparação em 2011, o que sugere a manutenção da cautela por parte de lojistas para o restante do ano, em face do já esperado encarecimento do crédito e do cenário inflacionário, que contribuem para a redução do poder de compra do consumidor e para o aprofundamento do endividamento no País. “Os números ensejam cautela, mas não quer dizer que há razão para pânico.
O maior nível de inadimplência quer dizer que mais pessoas estão passando por um aperto momentâneo.
Não é calote”, avalia o vice-presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Vitor Augusto Koch.
De acordo com números do SPC Brasil, nos oito primeiros meses de 2011, a inadimplência acumula alta de 5,14%.
Isso ocorre, sobretudo, em razão do ciclo de aperto monetário empreendido pelo Banco Central até julho e a consequência da aplicação contínua dessa medida no custo médio do crédito.
Vale lembrar que a elevação da inadimplência já dura sete meses ininterruptos, desde fevereiro, o que praticamente já garante o quadro de endividamento maior em 2011, diferentemente dos anos anteriores quando, em 2010 e 2009, houve queda da inadimplência.
A comparação com o mês de julho com os mesmos 5,14% de elevação reforça essa tendência de alta, embora no mês de agosto tenha sido efetuado o pagamento parcial do 13º para aposentados e pensionistas.
Outro fator de contribuição para esse quadro passa pela falta de critérios adequada para o uso do crédito pelo consumidor, que acaba por elevar também os índices de inadimplência.
Vendas Em relação às consultas no SPC Brasil, que refletem em certa medida o nível de atividade no varejo, agosto apresentou alta de 8,37% ante o oitavo mês de 2010, a quinta elevação seguida na mesma base de comparação, reforçando a tendência de otimismo nas vendas para o restante do ano.
A comparação entre agosto e julho mostra substancial alta nas vendas a prazo, de 6,36%, recuperando resultados negativos passados.
No ano, o indicador registra alta de 5,72%, também a quinta elevação nessa base de comparação. “Aquilo que prevíamos em relação à expansão do varejo no segundo semestre está se confirmando, com o brasileiro comprando bastante em função do emprego.
Assim como em 2008, é o consumo interno que está sustentando a economia”, diz o vice-presidente da CNDL.
Considera-se venda a prazo compras feitas com cheque pré-datado ou no crediário.
Recuperação de crédito Os números de cancelamento de registros, que dão medida ao nível de recuperação de crédito no varejo, foram positivos em agosto, apresentando uma alta de 7,81% ante o mesmo mês de 2010.
O maior volume de cancelamentos também decorre do cenário aquecido de vendas, uma vez que o consumidor tem de estar adimplente para manter seu consumo nas compras a prazo.
Ante o mês de julho, igualmente houve alta nos cancelamentos de CPFs inscritos no cadastro de devedores do SPC Brasil, de 4,41%, dado que contribuiu de maneira positiva e mantém o acumulado do ano com alta de 6,74%.
Os dados referentes ao sexo e faixa etária dos devedores, além de detalhes como número de parcelas em atraso e tempo de quitação das dívidas, serão divulgados posteriormente pelo SPC Brasil, em data ainda a ser confirmada.