A Ferrovia Transnordestina, antes orçada em R$ 5,4 bilhões, ficará R$ 35 milhões mais cara.

Será preciso mudar um trecho de 35 quilômetros no traçado da via.

Doze quilômetros de uma estrada que liga os municípios de Bonito e Palmares e que acabou de ficar pronta terão que ser inundados.

As mudanças serão necessárias para a construção da barragem de Serro Azul, no município de Palmares, na Zona da Mata de Pernambuco.

O desvio da ferrovia acontecerá no distrito de Serro Azul, no município de Lagoa Grande.

De lá a ferrovia entra nas cidades de Bonito e Palmares.

Ainda está em negociação qual governo - estadual ou federal - arcará com a despesa.

Já a estrada que será inundada representará um gasto de R$ 10 milhões por parte do Governo de Pernambuco.

As duas obras ficam dentro de uma área que, numa situação extrema, podem ser inundadas durante uma enchente. “Não encontramos nenhum local adequado para acumular os 200 milhões de metros cúbicos”, explicou o secretário-executivo de Recursos Hídricos, Amyr Cirilo. » LEIA MAIS: Especial Vizinhos do Una Dilma assina ordens de serviços das duas primeiras novas barragens Dilma vem a Pernambuco liberar R$ 1,385 bi para adutora do Agreste A barragem de Serro Azul, prevista para ser concluída em 2013, ficará no Rio Una e protegerá os municípios de Palmares, Água Preta e Barreiros.

Será a maior das cinco previstas para o Estado, com capacidade de 380 milhões de metros cúbicos.

A obra está orçada em R$ 400 milhões.

O valor será dividido meio a meio pelos governos federal e estadual.

O convênio entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Eduardo Campos (PSB) deve ser assinado nesta terça-feira (30), no município de Cupira, no Agreste do Estado.

O projeto da obra foi contratado no dia 4 de março deste ano.

A previsão é lançar o edital da obra no dia 8 de setembro e concluir a licitação até 15 de novembro.

Se der tudo certo, a ordem de serviço das obras será assinada no dia 12 de dezembro.

O governo espera concluir o serviço até 30 de abril de 2013.

A FERROVIA - Apesar de não haver perspectiva de transporte de passageiros nos 1.728 quilômetros de trilhos, deposita-se na ferrovia que ligará o município de Eliseu Martins, no Piauí, aos Portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, a esperança de uma revolução econômica e da tão sonhada integração regional.

Espera-se que ela redesenhe o mapa econômico nordestino.

Em Pernambuco, por onde um dia passarão 522 quilômetros de trilhos, a expectativa é de que haja uma desconcentração dos investimentos, hoje polarizados no Grande Recife e na Zona da Mata do Estado.

Para fazer o sonho sair do papel, cerca de 10 mil homens trabalham em 12 canteiros nos três Estados para dar conta de implantar 170 mil toneladas de trilhos da Transnordestina.

Um sonho que começou no Brasil Império - o empreendimento foi pensado por D.

Pedro II, em 1847.

Quase um século depois, em 1954, o Governo Federal autorizou a construção de um trecho entre Salgueiro e Serra Talhada, mas, por falta de recursos, a obra ficou apenas no pensamento.

No final da década de 80, o projeto foi retomado e começaram as obras de um trecho entre Salgueiro e Petrolina.

Mas, em 1992, houve uma suspeita de superfaturamento.

Os recursos foram suspensos e o serviço, paralisado.

Somente em 2006 a Transnordestina começou a ser posta em prática pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas, até agora, quase cinco ano depois, o rendimento foi de 35%: apenas 30 quilômetros de trilhos foram instalados no município cearense de Missão Velha em direção a Salgueiro (PE).

O Governo Federal aponta uma lista de impasses para justificar os atrasos: dificuldade nas desapropriações, intrincados licenciamentos ambientais e complexa engenharia financeira.

Do começo da obra até agora, o orçamento saltou de R$ 4,5 bilhões para R$ 5,4 bilhões.

O dinheiro vem via CSN, Finor, Governo Federal, Valec e empréstimos junto à Sudene, BNDES e BNB.

Depois de tantas prorrogações, o último prazo oficial para conclusão da ferrovia é dezembro de 2012.

Ao Governo de Pernambuco cabe executar as desapropriações.

Já foram investidos R$ 27.271.888,09 em indenizações.

O dinheiro para 2.335 processos de desapropriação vem da União, via convênio entre Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDEC) e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Ainda serão gastos R$ 30,5 milhões para desapropriações até julho de 2012.

Dificuldades e gastos à parte, os números indicam que a Transnordestina realmente será capaz de promover uma revolução.

Quando pronta, a ferrovia terá capacidade de transportar 30 milhões de toneladas de carga todos os anos.

Serão grãos, minérios, gesso, combustíveis e contêineres.

Além disso, o empreendimento vai diversificar o modal de transporte na região, hoje concentrado na matriz rodoviária.

A estrada de ferro poderá reduzir os custos de frete, tornando os produtos nordestinos mais competitivos não só no mercado nacional como no internacional.

A Transnordestina promete criar ainda polos de desenvolvimento ao longo de suas centenas de quilômetros.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), acionista controlador do empreendimento, diz que já estão definidas cinco peras ferroviárias que, mais que simples paradas para desvio das locomotivas, poderão se tornar pontos de carga e descarga: Eliseu Martins (PI), Trindade (PE), Salgueiro (PE) e Porto de Suape (PE).

Em nota, a CSN informa que outra plataforma logística em Pernambuco está em estudo.

Sua localização será definida junto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado.