Do Portal do PSDB A educação brasileira foi reprovada mais uma vez.
Talvez seja o caso de se pergunta se este não é o espelho de uma política educacional em que os alunos são incentivados a falar “os livro”.
A educação brasileira foi novamente reprovada.
Uma nova avaliação sobre desempenho de alunos do 3º ano do ensino fundamental (antiga 2ª série) mostrou que metade das crianças brasileiras não aprende o conteúdo esperado para esta fase da escolarização.
São recorrentes os sinais de que o país não consegue avançar no mais precioso investimento que precisa ser feito.
Divulgada ontem, a Prova ABC afere a condição dos alunos ao fim do ciclo de alfabetização, quando os alunos têm, em média, oito anos de idade.
Foi a primeira vez que foi aplicada, sob organização de entidades privadas (Todos Pela Educação, Ibope, Fundação Cesgranrio) e do MEC.
A prova foi aplicada no começo do ano em 250 escolas de capitais junto a 6 mil crianças.
Os resultados, infelizmente, decepcionam: cerca de 44% dos alunos não têm os conhecimentos mínimos necessários em leitura; 47% não atingem as expectativas de aprendizado em escrita e 57%, em matemática. “Isso significa que, aos 8 anos, elas [as crianças] não entendem para que serve a pontuação ou o humor expresso em um texto; não sabem ler horas e minutos em um relógio digital ou calcular operações envolvendo intervalos de tempo; não identificam um polígono nem reconhecem centímetros como medida de comprimento”, sintetiza O Estado de S.Paulo.
Assim como outros sistemas de aferição, como o Enem e o Prova Brasil, a avaliação recém-divulgada retrata, novamente, as distâncias que separam as escolas públicas das privadas: estas tiveram média de 74% e aquelas, de apenas 32,6%, uma diferença de 41,7 pontos percentuais. “A diferença entre os dois sistemas de ensino equivale a dois anos de escolaridade”, compara uma educadora da UFMG.Os resultados também retratam, mais uma vez, o abismo entre a qualidade dos sistemas de educação das diferentes regiões brasileiras – ainda que, em todas, o resultado médio tenha sido ruim.
A referência usada para as comparações é a mesma do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
O nível de 175 pontos indica que o aluno aprendeu os conteúdos mínimos exigidos em leitura e matemática para o 3º ano.
Em matemática, a nota média nacional foi 171 pontos, mas no Sul chegou a 185 e no Sudeste a 179.
Foi bem menor no Norte (152), no Nordeste (158).
As escolas privadas alcançaram 211 na média e as públicas não passaram de 158.
Trocando em miúdos, isso significa que apenas 22% dos alunos das escolas públicas da região Norte cumpriram a expectativa de aprendizado em matemática.
No Nordeste, essa taxa foi de 25,2%.
No quesito leitura, a nota média do país foi 186.
A pontuação mais alta foi no Sul (198).
Centro-Oeste e Sudeste também conseguiram superar o mínimo aceitável, mas Norte e Nordeste (com a pior marca, de 167), não.
As escolas particulares chegaram a 216 pontos e as públicas, a 175.
Completando o quadro, em escrita – cujo nível de aprendizagem considerado exitoso é 75 – a média nacional foi de 68 pontos.
A prova consistia numa redação cuja proposta era escrever uma carta sobre as férias a um amigo.
Alunos do Sudeste alcançaram 77 pontos e do Nordeste, 50 – região onde apenas 21% das crianças da rede pública cumpriram a expectativa de aprendizado neste quesito.
Na rede particular, a média foi de 86 e na pública, 62.
O ideal seria que as crianças brasileiras chegassem ao fim do ciclo de alfabetização tendo aprendido 100% dos conteúdos.
Na situação atual, porém, estamos nos contentando em mal ultrapassar o mínimo aceitável.
Está aí um alerta para problemas futuros: uma criança com baixo desempenho aos 8 anos dificilmente chegará bem ao ensino médio, quando sua formação com vistas ao mercado de trabalho intensifica-se.
Tempo para alterar esta situação, o governo do PT já teve de sobra. É o caso de se perguntar o que tem feito o Ministério da Educação, hoje comandado por um de seus mais longevos ministros, para enfrentar algo tão grave.
Talvez seja o caso de se perguntar, também, se a Prova ABC não é o espelho de uma política educacional em que os alunos são incentivados, em livros didáticos oficiais distribuídos pelo governo federal, a falar “os livro” e a aceitar este como sendo o caminho mais certo.