Da Agência Estado Pressionado por denúncias de corrupção, tráfico de influência e desvio ético, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão ontem.

Foi o quarto ministro da presidente Dilma Rousseff a cair em oito meses de governo.

Três deles, na esteira de denúncias de enriquecimento suspeito e corrupção - Antônio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes) e o próprio Rossi.

O outro foi Nelson Jobim (Defesa), afastado por continuamente falar mal de colegas ministros.

Rossi, um afilhado do vice-presidente Michel Temer (PMDB), havia sido blindado no cargo em troca de uma faxina nos postos inferiores, quase todos ocupados por protegidos seus ou parentes de políticos amigos.

Nem assim, no entanto, ele conseguiu se manter.

Na carta de demissão, Rossi reclamou de ataques à sua família e atribuiu as denúncias à disputa política.“Finalmente começam a atacar inocentes, sejam amigos meus, sejam familiares.

Todos me estimularam a continuar sendo o primeiro ministro a, com destemor e armado apenas da verdade, enfrentar essa campanha indecente voltada apenas para objetivos políticos, em especial a destituição da aliança de apoio à presidente Dilma e ao vice-presidente Michel Temer, passando pelas eleições de São Paulo onde, já perceberam, não mais poderão colocar o PMDB a reboque de seu desígnios”, escreveu.

O empurrão final para que o ministro da Agricultura tomasse o caminho de volta para casa foi dado nos últimos dois dias, com a notícia, publicada no jornal Correio Braziliense, segundo a qual ele e familiares utilizavam um jatinho da empresa Ouro Fino, que tem negócios com o Ministério da Agricultura.

Antes, reportagem da revista Veja mostrara um lobista amigo da cúpula da pasta atuando nas licitações do ministério.

Ao ser questionado se o favorzinho não era antiético, Rossi disse que não.

Mas o caso dele se enquadra, sim, no Código de Ética e Conduta dos Servidores Públicos.

De acordo com informações de bastidores do Palácio do Planalto, o vice Michel Temer entendeu que não dava mais para segurar o afilhado, amigo de 30 anos e ex-cunhado.

A saída de Rossi, em meio a tantas denúncias, já vinha sendo entendida pelos peemedebistas como fato consumado.