Em entrevista nesta quarta-feira (17) ao programa Papo Aberto, com os apresentadores Marcelo Araújo e Luciano Duarte, da Rádio Olinda AM, o senador Armando Monteiro (PTB) disse que a presidente Dilma Rousseff deve aproveitar a escalada de denúncias que envolvem várias áreas do governo para promover uma reforma estrutural na administração pública brasileira. “E eu tenho certeza que a presidente Dilma receberá o apoio de setores importantes do Congresso para promover estas medidas saneadoras”, disse.
Na conversa, Armando também destacou o papel estratégico que uma unidade da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) no Cabo de Santo Agostinho terá para o complexo industrial e portuário de Suape, e comemorou a conquista de mais nove escolas técnicas, que vão fortalecer o esforço de capacitação e qualificação promovido pelo governo Eduardo Campos, com o apoio de entidades como o SENAI.
Armando também avaliou como interessante a idéia de que o orçamento do Estado possa ter as indicações de investimentos por Região.
Leia abaixo principais trechos da entrevista.
A unidade da UFRPE no Cabo de Santo Agostinho Armando Monteiro – “É algo muito importante para toda a região e para Pernambuco, porque nós estamos agora ampliando a oferta de profissionais de nível técnico, especialmente nas áreas de engenharia, de tecnólogos, para responder a esta demanda que está cada vez mais se acentuando no Estado, de pessoal qualificado, capacitado, de modo a atender especialmente as necessidades do Complexo de Suape. É algo que foi anunciado ontem pela presidente Dilma, é uma grande conquista para Pernambuco e para o Cabo de Santo Agostinho, e isso se inscreve no plano de expansão da rede federal de ensino, que está na sua terceira fase”.
Oportunidades têm que vir para os pernambucanos Armando Monteiro – “Pernambuco vive um momento de grande dinamismo na sua economia, grandes investimentos estão chegando, e o desafio é poder capacitar e qualificar os pernambucanos, os jovens, os adultos, para que possam efetivamente participar deste processo.
Este desenvolvimento tem que gerar oportunidades para os pernambucanos.
E a única forma de assegurar este objetivo é ampliar a oferta de cursos, sejam cursos de nível superior, sejam os cursos de nível médio, técnico”.
Sobre as escolas técnicas na Região Metropolitana e interior Armando Monteiro – “Com o anúncio da presidente Dilma, Pernambuco conquistou não apenas este novo campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), como nove escolas técnicas, institutos de educação que atendem à área de ciência e tecnologia, que irão se localizar na área metropolitana, mas também no Sertão de Pernambuco.
Nós temos, por exemplo, unidades no Cabo de Santo Agostinho, em Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Igarassu, Abreu e Lima, Paulista, na Mata Sul, em Palmares, e no Sertão de Pernambuco, em Serra Talhada e em Santa Maria da Boa Vista.
Isso vai significar uma ampliação da oferta de cursos técnicos, de modo a que Pernambuco possa ter um suporte fundamental para este esforço que o governo Eduardo Campos já vem realizando para expandir o número de escolas técnicas”.
Sessenta escolas técnicas até 2014 Armando Monteiro – “Eu quero lembrar que nós já temos hoje quatorze unidades e quando o governo assumiu, nós tínhamos apenas cinco unidades.
E o plano de expansão, com a participação e o apoio do Governo Federal, vai permitir que Pernambuco tenha, até 2014, sessenta escolas técnicas.
Portanto, é um imenso esforço para ampliar esta oferta de vagas, neste momento em que Pernambuco tanto necessita de um esforço articulado, um esforço do governo federal, governo estadual, dos sistemas e instituições de ensino, como o Sistema S, o SENAI.
Em suma, é um grande mutirão para ampliarmos esta oferta de cursos para Pernambuco”.
Denúncias no Governo Dilma e reestruturação no setor público Armando Monteiro – “Nós temos acompanhado com preocupação esta escalada de denúncias que envolvem várias áreas da administração federal.
O que há, independentemente desta questão partidária, do chamado loteamento partidário, é que o Brasil precisa aproveitar este momento - em que tantos problemas vêm acontecendo, comprometendo a imagem da administração pública federal -, para adotarmos medidas que possam promover um efeito saneador neste processo.
E me parece que um ponto que todos hoje admitem como necessário é reduzir este número de cargos comissionados, que são providos livremente por critérios às vezes exclusivamente políticos.
Só na esfera federal são mais de 20 mil cargos.
E esta crise não é uma crise que se localiza em um partido, numa área, e em um governo.
Infelizmente este problema da corrupção, do fisiologismo, vem marcando a vida da administração pública brasileira, nos seus diversos níveis, já há muito tempo.
O que nós precisamos é aproveitar este momento para tomar as medidas saneadoras.
Acho que a presidente Dilma deveria oferecer ao país um projeto reestruturando toda esta questão dos cargos no setor público, para que nós saíamos destes critérios que são predominantemente políticos para poder criar uma burocracia estatal, cargos de carreira, para que você possa profissionalizar os quadros da administração. É evidente que a corrupção, às vezes, é um problema infelizmente inerente à condição humana.
Todos os países se defrontam com problemas deste tipo.
Mas o que nós precisamos é tomar as medidas necessárias, para evitar que o problema aconteça nesta escala que vem infelicitando a vida administrativa do país.
Eu defendo a necessidade de que adotemos medidas drásticas, não apenas para coibir estas práticas, para punir os responsáveis mas, sobretudo, para reformar este sistema, de modo a blindá-lo deste tipo de ocorrência”.
Renovação de quadros na administração e fiscalização permanente Armando Monteiro – “Eu reconheço que é possível sim, é sempre desejável, promover uma mudança de quadros.
Não é propriamente a questão de ser um partido, mas você poder mudar os quadros da administração, renovar.
E fazer permanentemente uma fiscalização.
O governo federal tem que ter mecanismos permanentes de controle e de fiscalização.
Não é possível que estas mazelas, este problemas, só venham a merecer uma ação quando saem na imprensa, quando são vazados.
O governo tem que ter mecanismos para prevenir a ocorrência deste tipo de problema.
Então eu acho que nós temos que aproveitar este momento para fazer uma reestruturação ampla no setor público, de modo a adotar medidas que possam evitar a repetição destes problemas. É evidente que não há um sistema que possa prevenir tudo, mas nós temos que aperfeiçoar a administração pública brasileira.
E eu tenho certeza que a presidente Dilma receberá o apoio de setores importantes do Congresso para promover estas medidas saneadoras”.
Regionalização dos investimentos Armando Monteiro – “A idéia de que os investimentos públicos do Governo do Estado possam ter uma indicação da regionalização é algo que eu acho interessante.
Quer dizer, você conhecer já na proposta orçamentária esta distribuição espacial, em que microrregiões estes investimentos vão acontecer.
Neste sentido este comando que seria dado no orçamento, para dar este caráter regionalizado ao orçamento, eu acho que é interessante”.