Por Marta Batista O mundo atual vem passando por profundas mudanças em conseqüências das conquistas e evolução tecnológica, que vem gerando transformações, desafios, oposições e contradições.

Uma nova ordem econômica mundial, que segundo Buzzi, “propõe á humanidade identificar-se com o projeto de globalização, visualizado na exterioridade da tecnologia de máquina e no virtual das telecomunicações que oferecem favores e prometem uma vida mais intensa, ao essencial por ora possível da existência humana”. (2002, pág. 57).

Nos últimos anos, as instituições conheceram uma série de mudanças tecnológicas e ganharam também uma nova forma de administração com a formação dos primeiros “Administradores” profissionais.

A sociedade também conheceu várias mudanças, infelizmente nem todas positivas, como é o caso do aumento descontrolado da violência em todas as suas dimensões: física, psicológica, moral, política e social.

E porque mais violentada, a sociedade clama por justiça e busca a preservação de seus direitos fundamentais, dentre os quais, se destaca a dignidade e o valor a pessoa humana.

As instituições profissionais vez que priorizam a tecnologia e as realizações tecno-cientifícas dos que ali atuam.

Um ambiente onde as inovações tecnológicas e o profissionalismo são considerados a essência primordial e fundamental do tratamento, mas sabe-se que, no contexto de suas aplicações, não considerar o sujeito dessa ação de nada valerá.

Percebe-se que o domínio das práticas mecanicistas o homem tem sido despersonalizado e subjugado. É preciso resgatar o sentido da existência humana no mundo, construir uma nova concepção, resgatar a aliança humana, como diz Crema (1997, pág. 36-37) “é tempo de religar […].

Todos nós temos um negócio em comum que se chama espécie homo sapiens.

Os profissionais são tidos como as molas propulsoras das instituições.

Não existe fator mais importante que o fator humano.

Todos nós somos peças fundamentais para o fator mudança.

Humanizar implicará em mudanças de atitudes, voltada para uma Ética baseada no respeito, na solidariedade e na integridade das relações consigo e com o outro.

Humanizar implicará sempre em ser, e ser é ter cuidado, essência do ser humano, cuidado consigo, cuidado com o outro, cuidado com o universo.

O profissional, a equipe, o cuidador precisam ser considerados e vistos como indivíduos de modo de ser, sentir, expressar.

Esse indivíduo como qualquer humano pode manifestar sentimentos, reações, comportamentos positivos e negativos que podem interferir na conduta profissional.

Humanizar a assistência é dar lugar não só a palavra do usuário como também a palavra do profissional de saúde, de forma que tanto um quanto o outro possa fazer parte de uma rede de diálogo.

Cabe a esta rede promover as ações, campanhas, programas e políticas assistenciais englobando aspectos tais como: justiça; cidadania, direitos humanos, liberdade, participação, autonomia, igualdade e complexidade, responsabilidade, equidade, qualidade e excelência, radicalidade, tolerância entre outros.

Sabe-se que o trabalho de equipe multidisciplinar é primordial dentro da instituição hospitalar, mais para isso faz-se necessárias trocas de informações, capacitações, para o desenvolvimento de um trabalho de qualidade na assistência ao usuário.

O sentido genuíno do cuidar é de promover a vida.

A qualidade de nossas vidas depende do cuidado que dispensamos a ela.

Desenvolver tudo o que existe ou tudo que se encontra em potencial de energia em nós compreende uma forma primária de estar no mundo.

Assim, a forma como vivemos a vida, como nos relacionamos com o mundo, com as pessoas, com a família, com os amigos, com o trabalho, interfere na forma como cuidamos.

O cuidado é uma forma de atenção que envolve percepção, ação que proporcione bem estar ao outro.

Então como pode o cuidador cuidar se não é cuidado. É uma necessidade social de todo profissional, sentir-se reconhecido, valorizado, amparado, cuidado e não que esteja reduzido ao mero fato de existir, de estar presente e de cuidar. *Marta Batista - Graduação em Psicologia, Licenciatura em Psicologia e Especialização em Neuropsicologia