Na Veja.com Amigos, por sua importância, em todos os sentidos, publico hoje a “Carta ao Leitor” da edição de VEJA que está indo hoje a grande parte das bancas e a grande parte de seus assinantes em todo o país.
O título original é “A agressão do ‘doutor Júlio’”.
Ao longo de quase 43 anos de existência, VEJA teve de driblar a censura da ditadura militar, foi ameaçada por extremistas dedireita e de esquerda e tornou-se alvo de campanhas difamatórias promovidas por mercenários da escrita bancados pelo governo petista.
Na semana passada [na semana que termina amanhã, domingo, dia 7], em Brasília, o ataque deu-se no nível da agressão física a um jornalista de VEJA.
No fim da tarde da última quinta-feira, o editor Rodrigo Rangel, da sucursal da revista na capital do país, cumpria uma das obrigações elementares do bom jornalismo: ouvir o outro lado da história.
A história em questão tem como personagem principal o lobista Júlio Fróes.
Como revela a reportagem que começa na página 64 desta edição [da revista impressa], Fróes montou sua base de operações no Ministério da Agricultura.
Ali, manipulava licitações para beneficiar empresas e subornava funcionários públicos com “pacotes de dinheiro”.
Tudo com o aval e o conhecimento dos graúdos que cercam o ministro Wagner Rossi.
O lobista, embora não tenha nenhum vínculo formal com o Ministério da Agricultura, gozava de tratamento vip, como usar a entrada e o elevador privativos do ministro.
Na repartição, era conhecido como “doutor Júlio”.
O jornalista de VEJA foi entrevistar o “doutor” num restaurante, para tentar entender a origem de tantos privilégios.
A conversa durou trinta minutos.
Confrontado com os fatos apresentados por Rangel, o lobista Fróes, sem poder refutá-los, passou a fazer ameaças.
Perguntou se o jornalista tinha mulher e filhos.
Nesse ponto, Rangel achou mais prudente dar a entrevista — integralmente gravada — por encerrada.
Quando ele se levantou da mesa, porém, Fróes puxou-o pelo braço, aplicou-lhe uma gravata e joelhadas na barriga e no rosto.
Rangel foi jogado contra uma mesa.
Antes de fugir, o “doutor” ainda roubou o bloco de anotações do repórter.
A agressão, testemunhada por mais de uma dezena de clientes e funcionários do restaurante, foi comunicada à polícia.
O jornalista, com um dente quebrado, fez exame no Instituto Médico-Legal.
Ao longo de quase 43 anos de existência, VEJA ultrapassou toda sorte de obstáculo para exercer sua missão de fiscalizar o poder e denunciar os que subtraem a nação.
Não será a violência física do “doutor Júlio” que mudará essa história.