Do Jc online Com o discurso de quem está chegando no governo agora, e após um impasse de cinco dias, o vice-prefeito de Araçoiaba, pequeno município da Região Metropolitana do Recife, Carlos Jogli (PSDB), assumiu ontem o comando da prefeitura em caráter interino.

O município estava sem prefeito desde a última quinta-feira (28), quando Severino Alexandre Sobrinho (PMDB) foi afastado do cargo por decisão liminar da juíza da Primeira Vara Cível de Igarassu, Maria do Rosário Monteiro Pimentel de Souza. “Penso em analisar a situação do município e reparar os possíveis problemas financeiros.

A expectativa é ouvir a população para saber quais os maiores problemas enfrentados pelo município”, declarou Jogli.

Na cidade, o clima é de insatisfação e desconfiança.

O impasse político que deixou Araçoiaba, por cinco dias, sem prefeito foi provocado pelo “sumiço” do prefeito afastado Severino Sobrinho, que não tinha assinado a notificação da Justiça.

Ontem, Severino compareceu ao Fórum de Igarassu, onde assinou a notificação de afastamento do exercício do cargo.

Ele não quis falar com a imprensa.

Dessa forma, o vice assumiu interinamente, até que o Tribunal de Justiça (TJPE) julgue recurso que teria sido interposto ontem mesmo pelo prefeito, contra o seu afastamento.

Em Araçoiaba, a faixa em comemoração ao 16º aniversário de emancipação - antes era distrito de Igarassu -, comemorado em julho, ainda está estampada, contrastando com o clima de instabilidade política.

Instabilidade que não é de hoje.

Começou antes mesmo da posse dos eleitos em 2008.

Na última eleição, o candidato mais votado, Hildemar Guimarães (PSB) - conhecido como Cuscuz - teve o seu registro cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) antes mesmo de tomar posse.

Em seu lugar, assumiu o segundo mais votado, Severino Alexandre, agora afastado para responder a duas ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) em decorrência da reprovação de contas pelo Tribunal de Contas (TCE).

As contas rejeitadas são referentes ao ano de 2005, quando o prefeito estava no seu primeiro mandato.

Na época, Jogli era vereador, tendo assumido o cargo de vice-prefeito na segunda gestão do peemedebista.

No parecer do TCE, foram constatados improbidade administrativa e desvio de merenda escolar.

Se após as investigações o afastamento for declarado definitivo, com a cassação de Severino Alexandre, Carlos Jogli passa a ser oficializado como o terceiro prefeito do município em três anos. “Espero que ele assuma e faça alguma coisa pela cidade, porque o outro só prometeu e não fez nada”, clamou Maria de Fátima Fernandes, moradora da cidade.

No exercício do governo, Jogli acredita que terá grande dificuldade para “se situar”.

Ele conta que estava alheio à situação da cidade, porque há falta de comunicação com o prefeito. “Minha atividade como vice era muito “imitada, nem acesso ao saldo financeiro do município eu tinha”, desabafou, revelando que não possuía gabinete na sede da prefeitura.

Também sugeriu o rompimento entre eles, negado em seguida. “Acho que 80% dos vices-prefeitos são rompidos com o prefeito”.