Por Andrea Almeida, no NE10 Com a frase do multiartista Chico Science “Há um líder dentro de você, governe-o, faça-o falar” gritada por um dos organizadores do evento em um alto falante, a primeira edição da Manifestação pela Salvação do Recife Antigo iniciou-se timidamente na Praça do Arsenal.
Nas redes sociais, onde teve uma grande repercussão, 13.046 pessoas confirmaram presença no evento através do Facebook.
Mas, às 16h30, quando a passeata tomou destino, se muito 60 pessoas participavam.
Segundo a Polícia Militar, o evento totalizou 200 manifestantes.
O objetivo do grupo é alertar a população para o descaso em que se encontra um dos pontos turísticos mais belos do Recife, porém completamente abandonado pelo poder público.
A Rua do Bom Jesus é um exemplo árduo do fato.
Há alguns anos era possível reunir amigos e familiares em um bom restaurante da via, que era o que não faltava.
Hoje o local só tem função empresarial durante o dia; à noite, falta até iluminação.
De acordo com Jéssika Portela, 17 anos, uma das produtoras do manifesto, a ideia surgiu há um ano, quando ela e mais algumas amigas foram assaltadas na Rua Tomazina. “Eram 3h.
Levaram celulares, dinheiro, documentos, e, quando eu fui procurar uma viatura da polícia, não encontrei nenhuma para registrar a ocorrência”.
Depois do incidente, Jéssika deixou uma mensagem contando o que aconteceu na comunidade “Recife Antigo” do Orkut. “Eu fiquei indignada e percebi que outras pessoas também já tinham passado pela mesma situação.
A partir daí, a ideia de reunir todo mundo em prol de melhorias para o bairro começou a ser mais consistente”, explicou.
O grupo pede mais segurança pública, incentivo à cultura, políticas sociais voltadas para os meninos abandonados na rua, maior combate ao tráfico de drogas, entre outros pontos.
Organização promete que esta é apenas a primeira edição do evento A concentração começou às 15h e, uma hora e meia depois, seguiu pela Rua do Observatório, Rua do Apolo, Avenida Marquês de Olinda, Rua Madre de Deus, Travessa do Amorim e Mariz de Barros, em seguida voltando pela Marquês de Olinda com destino ao Marco Zero, onde os organizadores planejavam ler para o público algumas propostas de revitalização do Recife Antigo.
O organizador da campanha, Aluízio Lubambo, 21, adiantou que nesta semana eles vão levar um dossiê - com fotos, vídeos e reclamações dos comerciantes do bairro - para entregar ao prefeito do Recife, mas vai divulgar posteriormente os detalhes.
Políticos da oposição aproveitaram a ocasião para soltar farpas contra a atual gestão da Prefeitura. “Recife está abandonado como um todo, as políticas estão perdidas e temos que valorizar o bairro”, expressou o advogado do partido dos Democratas e representante do deputado Mendonça Filho, que não pôde ir à manifestação.
A ex-deputada estadual Terezinha Nunes e o deputado estadual Daniel Coelho, do Partido Verde, também fizeram questão de comparecer.
RUA DA MOEDA - Também presente na manifestação o presidente da Associação de Bares e Restaurantes da Rua da Moeda, Petrônio Valença, que diz estar de acordo com o evento. “Estamos com uma programação cultural maravilhosa para a Moeda. vamos apresentá-la ao prefeito João da Costa para ver se ele aprova”.
O projeto se chama “Uma Moeda na Rua da Moeda Todas as Noites” e a ideia é levar para um palco montado na via vários artistas, grupos de maracatu, blocos líricos, entre outros, de segunda a sexta-feira. “Estamos buscando apoio da Prefeitura do Recife, do Governo do Estado de Pernambuco e de empresários, mas não vamos esperar uma resposta para começar.
No segundo sábado de agosto, já vamos ter o Bloco dos Compositores e Foliões como primeira atração abrindo o projeto, das 19h às 21h”.
Ele também ressaltou que a cultura pernambucana está esquecida. “Quando passa o Carnaval, o São João e os outros festejos do ano, o Recife Antigo fica completamente abandonado, tomado pelos meninos do crack e do tráfico”, diz, afirmando que a proposta é mudar esse cenário e atrair turistas e famílias para o local.
Já Reginaldo Torres, dono de um bar na Rua da Moeda há 37 anos, diz que a prefeitura sempre promete, mas que nunca cumpre. “Vamos ver se desta vez eles fazem alguma coisa, pois a parte histórica do Recife não pode ficar para trás”.