Na Folha de São Paulo deste sábado O movimento intenso de turistas que buscam sol e paisagens paradisíacas na praia de Porto de Galinhas, em Ipojuca (litoral sul de Pernambuco), tem provocado danos ambientais à região.
Parte da fauna marinha dos recifes vem sendo destruída em razão do ecoturismo desenfreado, conforme estudo da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Os trechos de recifes onde o acesso é livre (7% do total) apresentaram redução de 55% na quantidade de animais que vivem em meio às algas, segundo a bióloga Visnu Sarmento, 25, que estudou o tema durante o mestrado.
Ainda segundo a bióloga, a passagem de turistas sobre os recifes provocou diminuição de 11% entre as espécies de microcrustáceos -pequenos animais, parentes distantes de camarões e siris, que servem de alimento para os peixes dos recifes.
Cerca de 800 mil pessoas visitam a praia todos os anos para conhecer as águas cristalinas das piscinas naturais e as bancadas de recifes -cartões-postais do local.
Por R$ 15, é possível ir de jangada até os recifes, para caminhar sobre as formações calcárias e mergulhar em meio a peixes coloridos e cavalos-marinhos.
Na maré baixa, o programa pode até ser feito a pé. “A continuidade da exploração agressiva do turismo pode provocar a extinção de espécies nos recifes de Porto de Galinhas.
A longo prazo, também pode levar a um desequilíbrio na cadeia alimentar da fauna local”, afirma.
Os recifes danificados levam até 200 anos para se recuperarem totalmente.
Pesquisadores da UFPE pisotearam por três dias uma faixa de recife protegida.
Após três meses sem nenhum contato humano, o local apresentou os mesmos índices de quantidade de animais e espécies anteriores.
Para a bióloga, o rodízio dos passeios em diferentes pontos dos recifes é uma medida simples para amenizar o impacto do turismo.
A Prefeitura de Ipojuca, onde ficam os corais, afirmou que vem tomando uma série de medidas para conter o impacto do turismo nos recifes.
De acordo com o secretario de Turismo, Diego Jatobá, a fiscalização das barreiras de recifes é feita por 20 agentes ambientais especializados.
O secretário informou ainda que o município limitou o número de visitas às piscinas naturais e regulamentou o trabalho dos jangadeiros.
Há 75 jangadas credenciadas que realizam, no máximo, dois passeios com até seis pessoas por dia.
Cada pacote dura até 45 minutos. “Um dos nossos principais focos é orientar os turistas e capacitar os jangadeiros sobre os cuidados necessários nos recifes para não perdermos parte desse paraíso natural”, disse Jatobá.
CÓDIGO No mês passado, o prefeito de Ipojuca, Pedro Serafim de Souza (PDT), sancionou um código ambiental para o município.
O município também diz que realiza campanhas educacionais e entrega panfletos sobre preservação da natureza aos turistas.