João II: Um governo sem marca Por Priscila Krause Não há como exagerar e responsabilizar o prefeito João da Costa por ter sido o “inventor” do gasto público com serviços de publicidade.
Na televisão, no rádio, na internet, na rua, o marketing institucional das administrações públicas – seja ela no âmbito federal, estadual ou municipal – já faz parte da história, é praxe.
O que acontece na atual gestão do PT à frente do Palácio Antônio Farias, no entanto, é inédito: baseado no maior gasto com publicidade da história do Recife, fato que já demonstra os equívocos na escolha de prioridades por parte do prefeito (são mais de R$ 11 milhões pagos a empresas do setor publicitário nesse primeiro semestre de 2011), a Comunicação da gestão João da Costa atira para todos os lados e, surpreendentemente, não consegue achar sequer uma marca que simbolize a gestão do ex-João é João. É isso mesmo: apesar das milhares de peças publicitárias/mês lançadas a partir do QG municipal, nenhuma delas apresenta uma uniformidade de discurso.
Sinal de que até para lustrar com maquiagem milionária, João da Costa dá trabalho.
Observe no vídeo lançado essa semana sobre a “Via Mangue”.
Após sete anos de apresentações virtuais da “maior obra viária da história do Recife”, a peça assinada pela PCR não avança e permanece apostando na computação gráfica para ilustrar algo que não saiu do papel, mas que o prefeito afirma aos sete ventos, como em entrevista recente à JC/CBN, que já o fez.
Na ocasião ele questionou (em autoelogio): “Quem tirou a Via Mangue do papel?”.
Ninguém viu, ninguém sabe.
No início do ano, quando da entrada do novo secretário de Comunicação, Erick Carrazzoni, nas hostes municipais, a estratégia foi justificar a falta de obras ao longo dos dois primeiros anos da gestão com o seguinte slogan: “Primeiro a gente faz, depois a gente mostra”.
Algo mudou radicalmente nas bandas do Cais do Apolo!
No caso da Via Mangue, é assim: “Primeiro a gente mostra, depois a gente faz”.
E o que dizer da primeira marca da gestão pós-João Paulo: “Nossa cidade é a gente quem faz”?
Certamente o recifense reagiu e não absorveu a ideia.
Afinal de contas, nenhum recifense em bom estado mental aceitaria “fazer”, ao lado de João da Costa, o Recife que aí está.
O Recife do lixo, do trânsito, dos buracos, do atraso.
De nebulosas ações contra a transparência da ação pública.
No rádio, outro slogan interessante: “Você pode até passar e não ver, mas a Prefeitura do Recife está trabalhando”.
Quase um apelo, profundo, irrequieto, lamurioso.
Por fim, o noticiário político dos últimos dias registra que o marqueteiro das campanhas do governador Eduardo Campos (PSB), Édson Barbosa, da Link (empresa que não venceu licitação alguma na PCR), assumirá a estratégia de marketing da gestão João da Costa.
Eis uma tarefa difícil.
Apesar da enxurrada de verba pública, redirecionada de onde quer que seja, está provado que o serviço de propaganda só tem resultado quando há alguma convergência da campanha com o mundo real.
Das duas uma: ou o nosso dinheiro continuará sendo gasto ao bel prazer do grupo petista que manda na administração municipal, sem resultado algum, ou Édson apostará num novo slogan.
Este sim com eficiência total. “Prefeitura do Recife: A cidade andando para trás”.
Priscila Krause é vereadora do Recife pelo Democratas e é a líder da bancada de oposição na Câmara do Recife desde 2009