Por Adriana Vasconcelos, em O Globo.com Um dia depois de apresentar seu pedido demissão do cargo de diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot afirmou nesta terça-feira ao GLOBO que não pretende mais perder tempo falando do passado.

Por isso, não quis revelar detalhes da carta que encaminhou à presidente Dilma Rousseff na sua saída e preferiu não comentar diretamente o fato de o atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, ter escapado ileso da ‘faxina’ promovida pelo governo na pasta.

E já começou a preparar consultorias no setor para a iniciativa privada.

Ele foi categórico ao ressaltar que Passos “esteve presente em todas as decisões” tomadas pelo ministério e pelo Dnit. - Ele esteve sempre presente, seja na posição A ou B… - respondeu Pagot ao ser indagado se Passos tinha conhecimento de tudo o que acontecia no Dnit e nos Transportes.

Ele comentou também a exigência feita pela presidente Dilma para que seu substituto tenha ficha limpa: - Se eu não tivesse ficha limpa, não teria assumido o cargo.

Por isso, não me sinto ofendido.

Pagot mostra disposição para virar a página e cuidar da vida, só que na iniciativa privada.

E não perdeu tempo.

Ele faz planos de montar uma empresa de consultoria na área de navegação, com escritório possivelmente em Brasília.

Embora a empresa ainda não esteja montada, os primeiros clientes já apareceram.

Poucas horas depois de ter entregue seu pedido de demissão, Pagot reuniu-se na segunda-feira à noite em Cuiabá com um grupo de empresários da América do Sul interessado em sua consultora.

E, nesta terça-feira, recebeu representantes do agronegócio do estado interessados em conhecer melhor a navegação fluvial.

Pagot não seria enquadrado no regime de quarentena imposto por lei a autoridades públicas - em geral ministros e diretores de agências reguladoras, além do Banco Central.

Mas sua situação poderá ser analisada pela Comissão de Ética Pública da Presidência. - Já estou trabalhando com o que sei fazer de melhor e tenho ’expertise’.

Passei nove anos na Marinha e trabalhei na Hermasa Navegação da Amazônia.

Tenho vários projetos em estudo, que nunca abandonei mesmo estando no governo - admitiu.

Pagot lembrou que no balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Dnit foi o que mais produziu resultados, repetindo que o órgão teve mais acertos do que erros: - As coisas ruins dão manchete, as boas nem o governo teve interesse de divulgar.

Ele reconheceu, contudo, que nem tudo foram flores: - Tivemos problemas, mas nunca dei colher de chá a ninguém, abri inquéritos e mandei apurar.

Não ficamos em meio termo ou meias palavras.

Claro que em algumas situações cheguei até a ficar constrangido com as facadas nas costas (que recebi).

Tivemos alguns problemas, mas são mínimos diante da grandiosidade das obras que fizemos - disse.