Por Fernando Gabeira Luis Antônio Pagot saiu aplaudido por um auditório de mais de 500 pessoas, ao fazer seu discurso de despedida do DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

O que disse para provocar tanta simpatia?

Criticou o Ministro Jorge Hage, da CGU, que afirmou, diante de tantos casos escabrosos, estar a corrupção no DNA do DNIT.

Na mesma semana em que Pagot é aplaudido em sua defesa do DNIT, a imprensa mostrava como o sistema de controle é falho no órgão e cria facilidade para que os desvios aconteçam.

O que Hage declarou ,os jornais demonstraram.

O órgão funciona de maneira a evitar que o controle sobre a corrupção seja eficaz.

Pagot mencionou também da importância social dos que trabalham no DNIT.

Hoje, em muitos lugares, as pessoas gastam uma hora para atingir um hospital que, no passado estava a oito horas de distância- disse ele.

Isso é verdade.

Mas não é o que está em discussão.

Ninguém afirmou que as estradas inexistem.

Apenas que custam mais caro do que deveriam custar e muitas delas se destroem num tempo muito rápido.

Se houvesse apenas corrupção no DNIT e nenhum quiômetro de estrada feita, todos já estariam na rua, há muito tempo.

Os aplausos a Pagot são a expressão de uma burocracia interessada em manter seus privilégios e a possibilidade de desviar dinheiro público.

Os aplausos a Pagot mostram o imenso abismo cultural que existe entre a auto representação da burocracia e a expectativa das pessoas que pagam imposto.

Eles acham mesmo que foram eles que construiram as péssimas e caríssimas estradas brasileiras.

Só podemos tratá-los com a mesma ironia que Brecht dedicava aos que achavam que os faraós construiram as pirâmides.

Além de aplaudirem uma estrutura viciada, usurpam o lugar de milhares de trabalhadores que suaram camisa e calejaram as mãos para construir a malha de estradas no Brasil