Por Gustavo Krause Virou rotina.

Por aqui e pelos quatro cantos do mundo.

Sobre o assunto nada de novo sob o sol a não ser a quantidade dos escândalos e a informação on-line (o planeta com sete bilhões de habitantes vivendo e convivendo em rede).

Onde está o homem, está a sociedade; onde está a sociedade está o escândalo.

Esta relação de causa e efeito permite um esforço conceitual: a elaboração de uma “teoria geral do escândalo”.

Personagens: celebridades em qualquer atividade o que dá dimensão e sabor especial ao escândalo (políticos, artistas, milionários, religiosos, líderes de um modo geral).

Natureza: o escândalo sexual é o que mais excita porque aproxima a celebridade do homem comum; o escândalo político é o que mais revolta porque atinge o meu, o seu, o nosso dinheirinho; o escândalo financeiro é o que mais dói porque prejudica a velhinha de Taubaté; o escândalo que mistura sexo, poder, dinheiro é, simplesmente, o máximo.

Efeitos: aumento de venda dos jornais, de audiência radiofônica, televisiva e um verdadeiro engarrafamento no espaço cibernético; impunidade, especialmente, se o escândalo acontecer no Brasil; esquecimento porque escândalo engole escândalo na razão direta de sua progressão e na razão diretíssima da impunidade.

Regime político: os escândalos (assassinato, renúncia de presidente, “relações impróprias” com estagiária, propina e enriquecimento ilícito, crimes de colarinho branco, preto e colorido) tanto ocorrem nas mais sólidas democracias que se autodefendem com o funcionamento das instituições quanto nos regimes totalitários sob a forma de genocídio, assassinatos em massa e corrupção sistêmica que se realimentam da monstruosidade até a exaustão.

Repito: o escândalo entrou na rotina do mundo moderno graças ao avanço da tecnologia da informação.

Nada mudou em relação á natureza humana.

Basta dar uma olhada nos césares romanos, no triângulo amoroso da sedutora Cleópatra, na insaciável “pegadora” Messalina, na danação papal, nos luíses franceses e, por aí vai, até bater nas portas do poderoso FMI.

Agora, veio à tona o escândalo da indústria do escândalo.

A sisuda e sonsa Inglaterra oferece uma inestimável colaboração por meio do mais que sesquicentenário tablóide News of the World, o big brother da imprensa internacional.

O dono, o bandidão Rupert Murdoch, ganhou zilhões competindo no rentável mercado da destruição de reputações.

O meu receio é que o crime do Senhor Murdoch sirva de escudo aos que culpam a imprensa e a correlata liberdade expressão pela nobre missão de investigar e denunciar os malfeitores alojados em cargos públicos e autores das cenas explícitas de gangsterismo.

Neste sentido, refiro-me ao vertiginoso crescimento dos escândalos políticos no Brasil.

Para constatar, sugiro uma visita aos dados da Wikipédia nas últimas décadas.

Refiro-me ao discurso cínico da cândida desinformação, culpar a imprensa e apostar na certeza da impunidade.

No Brasil, a prática confirma a teoria.

Tem escândalo para todos os paladares: mensaleiros, sanguessugas, estradeiros, merendeiros, lixeiros e os dois mais recentes, agregando valor à herança maldita do governo Lula: o da multiplicação palocciana dos reais e o do ex-ministro estradeiro com participação especial do filhote laranja representante de uma nova classe emergente, a classe G, G de gênios empreendedores dos novos negócios do “meu paipai”.