Deputados tucanos consideraram fundamental o pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para dar continuidade e celeridade ao julgamento do mensalão.
Gurgel solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de 36 réus por envolvimento no esquema de pagamento de propina da base aliada do ex-presidente Lula, escândalo revelado em 2005.
Na opinião dos parlamentares, é preciso agilizar o processo para evitar que o crime prescreva.
Para o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), a sociedade espera por punição. “Quanto mais o tempo passa, a sensação de impunidade aumenta.
E a impunidade é a alma da corrupção”, afirmou.
Segundo o deputado, essa é a única forma de reestabelecer a confiança em torno das investigações envolvendo o crime. “Há o sentimento de que as coisas não dão em nada, o que é extremamente prejudicial ao país e às instituições”, completou.
Nogueira lembra que a manifestação do Ministério Público Federal desmonta o discurso de Lula, que tentou vender o escândalo como uma armação para desestruturar o governo. “O mensalão existiu e há indícios de que continua.
E é muito curioso que o ex-presidente não tenha tido conhecimento de esquema que envolveu desvio de milhões e seus principais assessores”, destacou.
Segundo ele, o delito “fez escola dentro da gestão petista”, como é o caso do Ministério dos Transportes, alvejado por denúncias de recebimento de propina.
Para o deputado Fernando Francischini (PR), o parecer do procurador deve servir de incentivo para que o Supremo discuta os processos.
Há preocupação sobre a prescrição dos crimes. “Mas vindo esse parecer final do MPF, temos certeza que o presidente do Supremo vai colocar em pauta antes do vencimento do prazo”, afirmou.
A decisão do Ministério Público comprova que o PSDB tinha razão sobre o caso, ao pedir o julgamento dos envolvidos, acrescenta o tucano.
Para ele, é preciso ter transparência e fazer um “choque de moralidade” em Brasília. “Não é possível que o governo queira comprar o Congresso com liberação de emendas parlamentares e nomeações de apadrinhados”, criticou.
Para Raimundo Gomes de Matos (CE), a lentidão da Justiça brasileira faz com que a sociedade tenha a impressão de que os crimes ficarão impunes. “Se o Supremo não julgar logo, ninguém vai ser penalizado.
O STF, até por normas regimentais, fica protelando e a população, cada vez mais, está descrente com as nossas instituições.”