Na Folha Online O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, concluiu que os empréstimos fraudulentos dos bancos Rural e BMG ao grupo do publicitário Marcos Valério e ao PT, que encobriram o caixa dois do mensalão, ultrapassaram R$ 75 milhões.
A informação consta de suas alegações finais enviadas anteontem ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Gurgel não explica como chegou ao valor.
Apenas diz que foram “pseudo” empréstimos que, segundo ele, abasteceram o esquema. “Além do desvio de recursos públicos, os dados coligidos demonstraram que a quantia de R$ 75.644.380,56, obtida dos Bancos Rural e BMG, foi entregue à administração do grupo liderado por Marcos Valério e ao próprio PT, sob o fundamento de “pseudo” empréstimos, sendo aplicados no esquema ilícito”, afirma o documento obtido pela Folha.
Todos os envolvidos negam a existência do esquema.
O número apresentado por Gurgel, calculado com base em perícias e documentos dos 210 volumes do processo do mensalão no STF, é quase 25% maior do que era conhecido até hoje.
Dados divulgados em 2005, durante a CPI dos Correios, diziam que os dois bancos teriam concedido empréstimos fictícios de cerca R$ 55 milhões ao núcleo de Valério e outros R$ 5,4 milhões diretamente ao partido do ex-presidente Lula.
Os recursos apontados por Gurgel eram usados para financiar o esquema, revelado pela Folha em 2005, de distribuição de dinheiro em troca de apoio no Congresso.
DINHEIRO PÚBLICO Segundo o procurador, as investigações também revelaram que Valério, apontado como o operador do mensalão, repassava a políticos dinheiro desviado de contratos com órgãos públicos e empresas de telefonia.
Cerca de R$ 20 milhões que não tiveram destinação comprovada vieram de contratos da Visanet, fundo criado por vários bancos para promover os cartões Visa.
Parte dessa verba é considerada pública, já que o Banco do Brasil tinha participação e geria gastos de comunicação da empresa.
Gurgel também afirmou que Marcos Valério foi ganhando força durante o esquema e se tornou “homem de confiança” do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), que ele descreve como o “chefe da quadrilha” do mensalão.