No R7 O deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), que foi o relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios, que investigou o mensalão, disse nesta sexta-feira (8) que o pedido de prisão de 36 das 40 pessoas apontadas como participantes do esquema representa um avanço no combate aos crimes de “colarinho branco”.

Serraglio foi quem encaminhou à PGR (Procuradoria-Geral da República) o pedido de indiciamento dos apontados como envolvidos no esquema, entre eles o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o atual secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto.

Nesta quinta (7), um dia após ter sido indicado para continuar no cargo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que condene 36 dos 38 réus do processo do mensalão.

Para Gurgel, só não existem provas contra o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken - e, portanto, ele deve ser absolvido.

Serraglio disse ter ficado satisfeito, já que a decisão demonstra que não há interferência nas investigações conduzidas pelo Ministério Público. - Neste momento, o procurador Roberto Gurgel terá o mandato renovado, não foi sabatinado pelo Senado, e já atua com independência.

Com certeza, já foi um avanço [no combate aos crimes de colarinho branco], uma melhora absoluta.

Para o deputado, o julgamento das 36 pessoas denunciadas será um momento histórico para o país.

Ele acredita que, até o fim deste ano ou no início de 2012, os ministros do Supremo estarão prontos para julgar os acusados.

O mensalão, que veio à tona em 2005, era um suposto esquema de pagamento de mesadas feito pelo governo a parlamentares em troca de apoio político. - No fim do ano, ou no início do ano que vem, o Supremo dedicará dois, três ou quatro dias, com sessões de manhã, de tarde e de noite, só a isso.

Como são muitos os réus, serão muitos advogados, cada um com 20 minutos para falar.

Imagina até onde vai isso.

Das 40 pessoas inicialmente apontadas como participantes do mensalão, a PGR excluiu quatro: José Janene, ex-deputado do PP, já falecido; Luiz Gushiken, por falta de provas; o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, que fez acordo com o Ministério Público para não ser processado em troca da prestação de serviços comunitários; e Antônio Lamas, irmão de Jacinto Lamas, um dos operadores do esquema e assessor do secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto, naquela época presidente do PL (atual PR).

O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), que também participou dos trabalhos da CPI dos Correios, disse esperar que o STF conclua “com rapidez” o julgamento. - A CPI dos Correios merece destaque, porque foi a última comissão de inquérito que deu resultado.

Daí em diante, o governo passou a manobrar para que as CPIs não tivessem andamento e, agora, com absoluta maioria, impede essa prerrogativa garantida à minoria.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), limitou-se a dizer que o procurador Roberto Gurgel cumpriu o prazo que tinha para encaminhar as alegações finais dos pedidos de condenação ao Supremo.

Para Sarney, a mensagem passada para a opinião pública é de que os processos estão “caminhando”.

Segundo ele, ainda “levará algum tempo” para a conclusão e o julgamento da ação, uma vez que as pessoas apontadas como integrantes do mensalão farão, agora, a sua defesa.