Por Terezinha Nunes É prática corrente na administração pública brasileira o abandono, pelos sucessores, de obras e projetos iniciados por administradores públicos em todos os níveis.
Os exemplos estão aí de Norte a Sul.
A prática, porém, tem mostrado que algumas obras, projetos ou ações, se impõem e atravessam governos e administrações independente do partido que estiver no poder.
Em Pernambuco temos três exemplos emblemáticos disso.
O primeiro é Suape, projeto de sucessivos governadores, concluído na gestão do ex-governador Jarbas Vasconcelos e que hoje leva o estado a uma recuperação econômica admirável.
O segundo, as escolas em tempo integral.
O terceiro, a Fenearte.
Os dois últimos iniciados por Jarbas e continuados pelo governador Eduardo Campos.
A Fenearte foi uma inspiração da artesã Ana Holanda, uma das diretoras da antiga Cruzada de Ação Social, e que desejava ver Pernambuco seguir o exemplo de Minas Gerais que, na época, pontificava com sua feira “Mãos de Minas”.
A ideia de Ana foi abraçada pela então presidente da Cruzada, Geralda Farias, e por Jarbas, ele próprio um apaixonado pelo artesanato e pela arte popular, além de ter contado com o entusiasmo também do então secretário de turismo, Cadoca Pereira.
Hoje maior feira de arte popular da América Latina, a Fenearte surgiu, como se vê, para ser sucesso, ajudada por uma união de pessoas que estavam no tempo certo e no lugar certo.
Geralda Farias lembra das dificuldades iniciais para conseguir os R$ 800 mil necessários à realização da primeira feira em 2000, uma época em que o estado ainda atravessava uma grave crise financeira, e agradece sobretudo ao Sebrae, na época dirigido por Pio Guerra.
Já no primeiro ano, a Fenearte mostrou sua força, reuniu mais de 200 expositores e vendeu quase tudo o que estava nos estandes.
Lembra Geralda que a ideia inicial era “evitar que os artesãos pernambucanos, dos melhores do Brasil, continuassem quase mendigando para vender seus produtos por falta de oportunidade”.
Hoje, doze anos depois, a feira conta com mais de 5 mil expositores, investimento de R$ 3,5 milhões e se agigantou de uma forma que atrai artesãos de todo o Brasil e de mais 31 países, sendo citada nacional e internacionalmente como a grande propagadora do artesanato e da arte popular da América Latina.
A Fenearte se impôs, ganhou raízes e, mesmo necessitando de recursos públicos para ser realizada, reverte para a população cada centavo investido.
Espera-se que até o seu final, dia 10, tenha garantido aos expositores vendas equivalentes a R$ 28 milhões.
Muitos dos artistas que expõem já garantiram, de vendas futuras, tudo o que vão produzir até junho do próximo ano, quando uma nova Fenarte, a 13ª, vai fazer sucesso semelhante, para orgulho de cultura popular pernambucana e brasileira.
CURTAS Postura - Ao contrário de Ettore Labanca, que fazia questão de almoçar com os deputados no buraco frio da Assembléia, quando fazia a ponte entre os poderes Legislativo e Executivo, o atual intermediador entre os dois poderes, o secretário da casa civil, Tadeu Alencar, pouco vai à Alepe, mas é muito elogiado porque sempre recebe os parlamentares quando procurado.
E retorna as ligações.
Corrida – O processo desgastante da discussão sobre a reeleição da mesa e o esvaziamento do poder legislativo estão levando muitos dos novos deputados estaduais a repensar sobre a busca de novos mandatos.
A queixa é grande principalmente entre os governistas.
Mas ninguém se dispõe a iniciar um processo de recuperação da Assembléia via aprovação de uma PEC que garanta aos deputados legislar em matérias financeira e tributária.