Da Agência Senado A bancada do PSOL protocolou, na tarde desta quinta-feira (7), representação no Conselho de Ética do Senado para apurar possível quebra de decoro por parte do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM).
Como Nascimento é senador, eleito em 2006, ele volta automaticamente a ocupar uma cadeira no Senado, para completar o mandato até janeiro de 2015.
De acordo com a senadora Marinor Brito (PSOL-PA), o pedido de investigação não é para “decretar a morte de ninguém”, mas para buscar o interesse público.
A senadora argumentou que, se Nascimento não serve para ser ministro, também não pode ser senador. - Não aceitamos que uma pessoa com esse currículo e com essas denúncias tenha uma cadeira no Senado Federal - afirmou.
A senadora pelo Pará disse que sofreu “intimidação” por parte do presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), logo após anunciar em Plenário a intenção de fazer a representação contra Alfredo Nascimento, na quarta-feira (6).
Segundo a senadora, João Alberto lembrou que havia uma representação contra ela no Conselho de Ética, relativa a uma desavença com o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Para a senadora, o objetivo do comentário era demover o PSOL da representação. - Qualquer representante do PSOL jamais se intimidaria diante dessa situação - disse Marinor.
O senador João Alberto negou que tenha tentado intimidar Marinor.
Segundo o presidente do Conselho de Ética, ele de fato conversou com a senadora sobre a representação contra ela, mas em “momento anterior” ao anúncio da intenção do PSOL.
O senador disse que lamentava as declarações de Marinor e afirmou que sempre pautou a sua vida pública de maneira “retilínea”. -Vou examinar com a imparcialidade de sempre as representações que chegarem ao Conselho - afirmou.
DENÚNCIAS - A representação cita reportagem da revista Veja, com a denúncia de suposta cobrança de propina pelo PR, partido de Alfredo Nascimento, em troca de sucesso em licitações do Ministério dos Transportes.
De acordo com a representação, a matéria compromete “diretamente” o ex-ministro ao dizer que “os pagamentos ao PR são feitos a um emissário de Valdemar (Costa Neto, deputado) e Alfredo Nascimento”.
O documento também se refere à reportagem da revista IstoÉ, segundo a qual haveria aliciamento para que deputados se filiassem ao PR, em troca de liberação de recursos do Ministério dos Transportes.
A revista publicou em seu site um vídeo, com a imagem de Nascimento, em que uma liberação de recursos para uma obra é discutida com um deputado supostamente em processo de transferência para o PR.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), as denúncias veiculadas pela imprensa são “gravíssimas”.
Ele ressaltou, porém, que o senador deve ter garantido amplo direito de defesa.
Segundo o parlamentar, o PSOL não está pedindo a cassação do mandato de Nascimento, mas a apuração de sua conduta pela instância adequada, que é o Conselho de Ética. - As denúncias precisam de respostas convincentes.
Esperamos que o Conselho de Ética cumpra com seu papel - afirmou Randolfe.