Foto: Agência Brasil/Arquivo O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) foi nesta segunda-feira (4) à tribuna do Senado Federal prestar homenagem à memória do colega Itamar Franco (PPS-MG), falecido no último sábado (2). “Nos últimos meses, Itamar atuou aqui nesta Casa como um guerreiro incansável, um parlamentar que não escondia de ninguém a tristeza de ver um Legislativo rebaixado, absolutamente submisso aos desejos e aos interesses do Executivo.

Mesmo quando era aliado, Itamar não abria mão de suas convicções, não se submetia ao canto fácil da sereia governista.

Se discordava de algo, tornava logo públicas suas críticas e questionamentos”.

Jarbas afirmou que Itamar Franco foi um exemplo de como deve de comportar um parlamentar de oposição. “A morte de Itamar Franco deixará um espaço aqui, no Senado da República, impossível de ser restaurado.

Fará uma falta tremenda – especialmente para a oposição.

Muitos de nós perdemos um amigo, mas o Brasil perdeu um homem público que só a história deverá fazer justiça ao papel importante que exerceu a partir de 29 de dezembro de 1992, quando assumiu a Presidência da República.

Dezessete anos após deixar o Palácio do Planalto, Itamar ainda conta com o carinho e o respeito da maioria do povo brasileiro, que aprovava seu jeito espontâneo e informal de agir.” O senador pernambucano ressaltou que Itamar Franco ficou apenas 732 dias como Presidente da República, mas nesse curto período conseguiu montar um Governo que restabeleceu a normalidade institucional e ergueu as bases para a estabilidade econômica do País. “Sejamos sinceros e humildes em reconhecer que sem o Governo Itamar não teriam existido as gestões de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Esses três governos fazem parte do legado de Itamar Franco.” “Nem sempre concordei com todas as idéias e dos posicionamentos de Itamar – acredito que todos aqui fazem a mesma constatação.

Mas essas diferenças jamais se deram no campo da ética e da honradez.

Nessas áreas, ele construiu a unanimidade ainda em vida.

Não foi necessário seu desaparecimento para que todos concordassem com esse aspecto irretocável e irrepreensível da biografia de Itamar Franco”, argumentou Jarbas Vasconcelos.

Jarbas também destacou as ligações históricas de Itamar com o PMDB: “Quero pedir desculpas aos meus amigos do PPS, mas devo concordar com o sociólogo Marcos Coimbra: Itamar foi, acima de tudo, um peemedebista.

Participou da fundação do Movimento Democrático Brasileiro e depois do PMDB.

Itamar era um peemedebista da linhagem de Ulysses Guimarães e Mário Covas, para ficar apenas nesses dois líderes que, como Itamar, partiram antes do tempo”. (04JUL11) Leia a íntegra do discurso: “Senhor Presidente, Senhoras Senadoras, Senhores Senadores, Entre os raros momentos positivos que vivemos nos primeiros meses deste ano no Senado Federal, estão, sem dúvida, aqueles em que acompanhamos o desempenho do Senador Itamar Franco, aqui, na Tribuna, pedindo a palavra em Plenário e também nas comissões.

Aguerrido, bem preparado, intransigente com o que considerava errado, Itamar conseguia a atenção respeitosa de todos colegas cada vez que começava a falar.

Essa desenvoltura não foi surpresa nenhuma para aqueles que, como eu, o conhecia de outras épocas.

Itamar foi um defensor corajoso e apaixonado das missões institucionais desta Casa Legislativa.

Conhecedor dos pormenores do Regimento Interno, ele foi um exemplo de como deve se comportar um integrante da bancada de oposição.

Gostaria de requerer, Senhor Presidente, a transcrição para os anais do Senado do editorial do jornal O Estado de S.Paulo do dia 4 de julho de 2011, intitulado “Um político singular”.

Vou ler apenas um pequeno trecho desse texto, que faz justiça a Itamar.

Abre aspas: “Itamar Franco entra para a história como figura absolutamente singular.

Nenhum outro presidente brasileiro fez tanto, em tão pouco tempo, em condições políticas e econômicas tão difíceis e sem violar uma única regra democrática.” Fecha aspas.

Não pretendo aqui detalhar a extensa biografia de Itamar Franco, missão que a Imprensa cumpriu com louvor nos últimos dias, destacando toda a sua trajetória como Prefeito de Juiz de Fora, Embaixador, Senador, Governador, Vice-Presidente e Presidente da República.

Quero falar do legado que Itamar nos deixou, que temos a obrigação patriótica de honrar e propagar.

Nos últimos meses, Itamar atuou aqui nesta Casa como um guerreiro incansável, um parlamentar que não escondia de ninguém a tristeza de ver um Legislativo rebaixado, absolutamente submisso aos desejos e aos interesses do Executivo.

Mesmo quando era aliado, Itamar não abria mão de suas convicções, não se submetia ao canto fácil da sereia governista.

Se discordava de algo, tornava logo públicas suas críticas e questionamentos.

A morte de Itamar Franco deixará um espaço aqui, no Senado da República, impossível de ser restaurado.

Fará uma falta tremenda – especialmente para a oposição.

Muitos de nós perdemos um amigo, mas o Brasil perdeu um homem público que só a história deverá fazer justiça ao papel importante que exerceu a partir de 29 de dezembro de 1992, quando assumiu a Presidência da República.

Dezessete anos após deixar o Palácio do Planalto, Itamar ainda conta com o carinho e o respeito da maioria do povo brasileiro, que aprovava seu jeito espontâneo e informal de agir.

Foram apenas 732 dias como Presidente, mas nesse curto período Itamar conseguiu montar um Governo que restabeleceu a normalidade institucional e ergueu as bases para a estabilidade econômica do País.

Sejamos sinceros e humildes em reconhecer que sem o Governo Itamar não teriam existido as gestões de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Esses três governos fazem parte do legado de Itamar Franco.

Nem sempre concordei com todas as idéias e dos posicionamentos de Itamar – acredito que todos aqui fazem a mesma constatação.

Mas essas diferenças jamais se deram no campo da ética e da honradez.

Nessas áreas, ele construiu a unanimidade ainda em vida.

Não foi necessário seu desaparecimento para que todos concordassem com esse aspecto irretocável e irrepreensível da biografia de Itamar Franco.

Senhor Presidente, Quero pedir desculpas aos meus amigos do PPS, mas devo concordar com o Sociólogo Marcos Coimbra: Itamar foi, acima de tudo, um peemedebista.

Participou da fundação do Movimento Democrático Brasileiro e depois do PMDB.

Itamar era um peemedebista da linhagem de Ulysses Guimarães e Mário Covas, para ficar apenas nesses dois líderes que, como Itamar, partiram antes do tempo.

Trata-se de uma linhagem que enfrentou a ditadura sem medo de cara feia ou de ameaças do poderoso de plantão.

Coerente, todas as vezes que Itamar deixou o partido foi por discordar do comando da legenda, quer em Minas Gerais, quer em nível nacional.

Até como dissidente, Itamar foi um exemplo.

Senhoras Senadoras e Senhores Senadores, Qual a melhor forma de honrar a história desse político singular chamado Itamar Franco?

A todos nós, antes de qualquer coisa, cabe resgatar o verdadeiro papel do Poder Legislativo – em especial do Senado.

Esta Casa não pode mais continuar como mera carimbadora das propostas e dos projetos encaminhados pelo Governo.

A luta de Itamar Franco continuará e acredito que as suas bandeiras democráticas continuarão sendo levantadas não apenas neste Congresso Nacional, mas em todo Brasil.

Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente.

Muito obrigado.”