Da AFP O novo diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), o brasileiro José Graziano da Silva, admitiu que muitos países pobres não conseguirão cumprir com as metas fixadas pela ONU para reduzir até 2015 pela metade o número de pessoas que passam fome, em uma entrevista concedida nesta sexta-feira à France Presse.
Em 2000, os 192 países membros das Nações Unidas fixaram os chamados Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, entre eles o de reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção de pessoas que padecem com a fome, calculada em cerca de 400 milhões de pessoas. “A Meta do Milênio estabelecia reduzir pela metade o número de pessoas com fome.
Ainda assim, creio que muitos países pobres não poderão fazê-lo, principalmente os países pobres menores, onde muitas vezes as necessidades e urgências são maiores”, afirmou, em uma das primeiras entrevistas concedidas à imprensa. “O que faz falta são duas coisas: recursos e cooperação internacional para apoiar esses países mais frágeis, porque eles não podem alcançar os objetivos por conta própria”, explicou. “Para a erradicação da fome não é preciso inventar a roda.
Não é algo como uma central atômica, que precisa de grandes inovações tecnológicas.
São programas conhecidos, como aumentar a produtividade da agricultura familiar, desenvolver os mercados locais de alimentos, porque é aí que se produz a segurança alimentar”, acrescentou.
O novo diretor-geral da FAO – que assumirá o cargo em 1º de janeiro de 2012 e permanecerá na função até julho de 2015 – é o primeiro latino-americano a ocupar essa posição desde que a organização foi fundada em 1945.
Na disputa pelo cargo, o brasileiro, que obteve 92 votos contra 88 do ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos, recebeu o apoio da América Latina e dos chamados “países não-alinhados” do G-77, entre eles, boa parte da África e Indonésia.