Da Agência Brasil A oposição no Senado criticou hoje (29) a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no processo de fusão das redes de supermercado Carrefour e Pão de Açúcar.
O base do governo considera normal a operação e disse que ele poderá contribuir para tornar o Pão de Açúcar uma empresa internacional.
Para o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), a política que vem orientando as ações do banco desvirtua a função social para a qual ele foi criado. “Achamos um absurdo. É preciso que pelo menos retirem o S do BNDES.
Essa orientação na aplicação dos recursos exclui a hipótese de um banco social.
O que há é um banco privilegiando megaempresários no país com recursos públicos”, disse Dias.
Segundo ele, os contribuintes têm financiado o subsídio de juros para os empresários próximos ao governo, por meio das transferências de recursos do Tesouro para o banco. “O governo já transferiu cerca de R$ 260 bilhões do Tesouro da União para o BNDES, subsidiando juros que beneficiam apenas os mais próximos do poder, ou seja, estabelecendo uma distinção entre empresários de primeira categoria e segunda categoria.” .
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) defendeu participação do banco no negócio.
Segundo ele, essa é uma operação comum de mercado na qual o BNDES entrará como sócio. “É uma operação de mercado, sem recursos públicos, sem recursos subsidiados.
O BNDES seria sócio dessa empresa com objetivo de lucro.” .
Ainda de acordo com ele, o banco cumpre o seu papel quando colabora para a internacionalização de uma empresa nacional. “Não há nada de ilegal nessa operação. É o BNDES ajudando uma empresa nacional a ser mundial.” Em comunicado divulgado ontem (28), o BNDES confirmou que começou a analisar o pedido de financiamento para internacionalização do Grupo Pão de Açúcar.
A operação de internacionalização, no valor de até 2 bilhões de euros, permitirá ao grupo assumir posição estratégica no supermercado Carrefour, considerado um dos maiores varejistas mundiais.
Segundo o BNDES, a transação poderá abrir “caminho para maior inserção de produtos brasileiros no mercado internacional”.
Ainda na tarde de hoje, o Senado vota uma Medida Provisória que transfere R$ 55 bilhões do tesouro para o BNDES.