Da Agência Senado Depois de escolher a palavra “resistir” como símbolo de uma hipotética conversa com a presidente Dilma Rousseff, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu em discurso nesta quarta-feira (22) que Dilma não ceda à chantagem de apoiadores em nome da governabilidade.

O senador referia-se, principalmente, à pressão por nomeações de apadrinhados políticos no governo federal. - Resista, presidente, a essa corrupção que invade, ao longo da história, o nosso país.

Não aceite indicações que não tenham o lastro da ética. É preciso saber em nome de quem falam os interlocutores.

Que interesses reais movem as suas indicações? o bem coletivo ou o interesse individual de pequenos grupos? - disse o senador, que citou, durante o pronunciamento, a briga pelas chefias dos fundos de pensão da Petrobras e do Banco do Brasil.

Destacando a importância da harmonia e independência entre os poderes, Pedro Simon alertou a presidente de que esta harmonia não pode ser alcançada por imposição.

O senador a aconselhou a estender o critério da ficha limpa às nomeações em qualquer escalão do governo.

Para ele, Dilma Rousseff não deve se curvar à chantagem e, sim, nomear profissionais cujos currículos sejam “construídos pela competência e pelo profissionalismo, moldados pela ética”.

Como conselho à presidente, Simon explicou que existem dois remédios para curar a corrupção. - O primeiro é preventivo: que os atos de nomeação sejam acompanhados pela chancela da probidade do nomeado.

O segundo é corretivo: se as luzes do poder ofuscarem a ética do nomeado, que ele não continue se protegendo com o ‘remédio caseiro’ da impunidade - disse o senador, para quem é necessário exonerar imediatamente os envolvidos em atos irregulares.

A postura da presidente, na avaliação do senador, pode ser o primeiro passo para uma mudança de conduta em todas as instâncias de poder do país. - Bom será o dia em que o Congresso Nacional votará apenas e tão somente segundo as convicções dos parlamentares, segundo devem ser as aspirações de quem eles representam.

Que o voto em Plenário não se constitua um instrumento de troca pela liberação de emenda ou pela indicação de apadrinhado.

Seja a proposta legislativa aprovada ou rejeitada, que o seja porque as nossas consciências assim orientam e não porque se construiu maiorias a poder de promessas nem sempre lastreadas pela boa conduta.

Quem sabe esta postura seja então o início de uma reforma política, ou pelo menos, de uma reforma das condutas políticas - afirmou.

Em aparte, os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF) elogiaram o discurso de Simon e desejaram que a presidente Dilma pudesse ouvir suas palavras.

Pedro Simon encerrou o pronunciamento com o pedido para que a liderança do governo na Casa encaminhasse seu discurso ao Palácio do Planalto.