Se o tempo é o melhor remédio para curar grandes traumas, o ditado não se aplica aos moradores da Mata Sul de Pernambuco.

Um ano depois da enchente, os rastros de destruição ainda existem em algumas das 67 cidades atingidas direta ou indiretamente pela fúria do Rio Una. É preciso dizer que doações chegam e algumas obras foram e estão sendo feitas.

Mas improvisos, barro, escombros e abrigos que viraram favelões não deixam as famílias esquecerem o que aconteceu naquela segunda quinzena de junho de 2010.

Se isso já não fosse suficiente para marcar uma vida, o drama se repetiu este ano.

Em menor proporção, é verdade, mas a força das extemporâneas águas de maio fez a aflição voltar à rotina com mais intensidade e antes da chegada do inverno.

Um ano atrás, 20 pessoas morreram, 26.966 pessoas ficaram desabrigadas, enquanto 56.643 ficaram desalojadas.

Quase 17 mil casas foram danificadas, assim como pontes, estradas, escolas e hospitais.

Os dados surpreendem.

Mas é quando os números ganham nome e sobrenome, rosto, cheiro, cor e lágrimas, quando homem e bicho passam a viver da mesma maneira, que tudo fica mais impressionante.

O NE10 esteve com essas pessoas logo que a água baixou e agora, um ano depois, voltou a Palmares, Barreiros e Água Preta, três dos municípios mais destruídos.

Vimos de perto o que foi feito, e, principalmente, o que ainda resta fazer.

Ouvimos vítimas das águas e de suas consequências.

Colhemos sonhos, desilusões e promessas.

Hoje ainda há gente em abrigos de pano e lona.

Clube virou escola ; manicômio, hospital; e privacidade se tornou artigo de luxo.

Num improviso insalubre, morto divide espaço com vivo e porta vira jangada para atravessar o rio.

O que se imaginava que estava no passado, insiste em existir no presente. É o que você vê nos textos, infográficos, fotos e vídeos deste especial.