Por Fernando Castilho, do JC Negócios O governador Eduardo Campos, devemos reconhecer, cuida muito do seu negócio principal que é fazer política.

Disso, ele cuida vendo a carreira pelo retrovisor, mas olhando firme para a frente, pois como dizia o economista Roberto Campos, o passado é feito uma lanterna na popa de um barco.

Serve para iluminar o passado.

Eduardo Campos, como se sabe, teve como professor o avô Miguel Arraes, que ensinava mais pelo gesto do que pelas palavras e de olho na História.

Esse corruchiado serve para tentar explicar porque ele está “botando tanto sentido” na eleição da mesa da Assembléia Legislativa de Pernambuco no biênio 2013/2014, cujo dono da cadeira de presidente pode virar governador quando ele e seu atual vice, João Lyra Filho, entenderem de disputar uma vaga, seja ela qual for.

Ele vai jurar “de pés juntos” que isso é assunto da Casa de Joaquim Nabuco.

Mas está cuidando muito para que o atual presidente, Guilherme Uchoa, seja mais uma vez reeleito.

Ainda que isso implique mudar a constituição estadual.

E ele vai mudar.

Mas aqui para nós e o povo da rua, Eduardo Campos sabe que isso não é coisa que se resolva dentro da chamada independência dos poderes.

Muito menos ele, que aos 45 anos tem horizonte de vida pública que o coloca em qualquer cenário no Brasil daqui a 20 anos.

O governador está cuidado para fazer Uchoa um regra três “de responsa”, porque também está muito empenhado em fazer com que o seu vice, João Lyra Filho, siga sua vida com uma tranquila cadeira na Câmara Federal.

Como, aliás, tiveram seu pai e seu irmão Fernando, que chegou a ser ministro da Justiça.

Enquanto tem tempo para cuidar de si, depois de escalar alguém para disputar a sua sucessão.

Sim, trabalha com a idéia da família Lyra abrir mão de ter um de seus integrantes governador ( ainda que por 11 meses), mas que garantiria um retrato na galeria de personalidades do primeiro andar do Palácio do Governo.

Eduardo Campos tem fresquinho o exemplo dentro do seu partido, que teve conseqüências trágicas para todos os personagens que comandavam o Estado do Rio Grande do Norte.

Lá, a ex-governadora Wilma de Faria não conseguiu cuidar da sucessão da Assembléia nem do seu vice, que entendeu de disputar o governo mesmo sabendo que tinha chances remotas de vencer a candidata da Oposição, Rosalba Ciarline do DEM, que levou a disputa no primeiro turno.

Faria saiu do governo em abril, deixou o vice Iberê Ferreira, candidato.

E sem mandar na Assembléia perdeu as chances de comandar o processo de forma global.

Perderam ela e seu vice meia-boca.

Eduardo Campos sabe que sem Guilherme Uchoa na Assembleia e João Lyra Filho candidato ele perde o controle do processo.

Não quer ser a Wilma de Faria de Pernambuco.

Embora os resultados de seus dois governos estejam a quilômetros dos dois de Wilma de Faria.

E do controle que ele tem hoje na cena política do Estado.

Mas, política é coisa que se cuida antes das eleições para definir o jogo, o campo e, se possível, escolher o adversário.

E Guilherme Uchoa?

Bom, para Uchoa o vento sopra para ele em todas as direções.

Senão vejamos: para um advogado militante que virou juiz e que se elegeu deputado pela primeira vez com um enorme sacrifício, sentar na cadeira principal do Palácio do Campo das Princesas é mais do que sonhou em todos os seus maiores devaneios.

Ele será um fiel escudeiro de Eduardo Campos, no estilo pitbull, durante os 275 dias em que ao entrar na prédio da Praça das República o corneteiro da Polícia Militar tocar o fragmento completo do Hino de Pernambuco.

E sendo formiga se sentirá a lagartixa, já que ser o elefante da fábula, ele jamais pensou.

PS: Para a formiga, a lagartixa é um gigante.

Um elefante, nem pensar.