Da Agência Senado O senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse nesta segunda-feira (13) que a política econômica do governo está paralisando e fazendo regredir o crescimento industrial brasileiro.

A afirmação do senador foi baseada em declaração da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), assegurando que o valor das commodities sustentará o crescimento econômico do Brasil por pelo menos mais uma década.

Requião assinalou que as exportações brasileiras tinham em sua pauta 45% de bens industrializados, mas hoje esse índice é de 39%.

Ele disse que isso representa uma regressão do crescimento industrial em benefício de uma aceleração da produção e exportação de grãos e minérios. - Acabamos nos encaminhando para a primarização do Brasil, uma regressão ao passado.

Estamos nos transformando, com a devida redução sociológica, numa plantation, [voltando] à condição de um estado produtor de produtos naturais como foram no passado a África e a Índia.

Isto é bom no momento, pois sustenta o prestígio do governo e a alegria do consumo popular.

Mas, a médio prazo, isto é terrível - alertou.

O senador lembrou que o Brasil ainda ostenta o título de “recordista mundial absoluto” em matéria de juros reais, com taxas - descontada a inflação - de 6,8% ano.

O segundo lugar é do Chile, com juros reais de 1,5% ano.

Requião disse que, de 40 países analisados, 31 estão praticando juros negativos, como os Estados Unidos que tem taxa de -2,6% ano.

Segundo o senador, esses países estão irrigando suas economias para retomar seu desenvolvimento. - Nós estamos na contramão das políticas do mundo.

A impressão que eu tenho, a nítida impressão que tenho é de que os rentistas e os banqueiros dominam a condução da economia do Brasil.

A indústria brasileira não avança.

E os magos do conservadorismo monetário querem resolver o problema reduzindo investimentos em saúde, cortando aposentadoria dos trabalhadores e aumentando os juros - afirmou.

Requião sugeriu que, ao invés do aumento dos juros, o governo federal, através do Banco Central, aumente o depósito compulsório.

Segundo ele, essa medida também enxugaria a economia, restringindo a possibilidade do financiamento interno. - Ao mesmo tempo, não estaria dando lucros extraordinários para que os nossos bancos freqüentem as páginas do livro Guiness de recordes de lucratividade no planeta - completou.

Inflação O parlamentar também atribuiu a inflação ao baixo investimento em infraestrutura e em inovação tecnológica, tanto por parte do setor público quanto do setor privado.

Na sua avaliação, com a paralisação do crescimento industrial - que sofre com os juros altos -, “qualquer aumento da demanda” gera inflação.

E esse aumento, apontou, vem das “acertadas políticas sociais” do governo e da depreciação das moedas dos países desenvolvidos, que com isso tentam sair da crise econômica e introduzem seus produtos no Brasil. - De repente, pareço ver que a condução da economia brasileira está capturada pelo capital: pelo capital vadio, pelos rentistas, pelo capital que não produz uma camisa, um botão, a peça de uma máquina, mas que vive da especulação das bolsas e da renda dessa fantasia de lucratividade sem se preocupar com os destinos do país - observou, reforçando as críticas aos juros altos.