Do NE10 O Sítio da Trindade, em plena programação junina, foi o local escolhido pela ONG Leões do Norte para realização de um “beijaço” gay na data que é aclamada pelo Brasil inteiro como o Dia dos Namorados (12). “No dia dos namorados e das namoradas, nós nos beijamos pelo direito de amar diferente, quando milhares de homossexuais não podem expressar o amor que sentem em razão do preconceito e da discriminação”, dizia o panfleto distribuído pelos organizadores do manifesto.
A convocatória, feita no boca a boca e nas redes sociais, porém, não surtiu grande efeito.
Uma pequena quantidade de casais compareceu ao ato.
Alguns homossexuais presentes ainda optaram por não participar da beijação coletiva - seis casais apenas realmente selaram com um grande beijo o momento da manifestação. “Estamos aqui para dar apoio, porque é importante levantar a voz contra a homofobia ainda tão presente em nossa sociedade, mas não vamos participar do ato em si”, disse o jornalista Thiago Carvalho, que soube esta tarde que haveria o “beijaço” e chamou os amigos para o acompanharem.
O ato, em si, não “pegou fogo”, mas foi suficiente para acender diversos comentários vindos do público presente para aproveitar os festejos juninos no Sítio.
Por causa do horário - o beijaço estava previsto para as 17h, mas acabou acontecendo somente às 19h - ainda havia muitas crianças, acompanhadas dos pais, que desfrutavam das oficinas e brincadeiras no parque.
A consultora óptica Flávia Monteiro, que estava no local com o marido e a filha de 4 anos, considerou o ato abusivo. “Acho que todos são livres para escolher o que fazer com sua sexualidade, mas isso aqui foi agressivo.
Eles têm o lugar deles, não deveriam estar fazendo isso em um ambiente com tantas crianças.
Uma vez minha filha viu um beijo entre dois homens no Marco Zero e me perguntou o que era aquilo.
Precisei explicar que era errado e tudo o mais.
Por sorte, ela não percebeu nada aqui hoje”, afirmou.
Sobre a escolha do local, o vice-presidente da Leões do Norte, Valdécio Junior, afirma que a ideia foi atingir locais onde ainda não há atuação do grupo. “Optamos por levar nossas ações agora a lugares que ainda não tenhamos conquistado.
O público infantil não é o nosso alvo; o objetivo é sensibilizar a sociedade aqui presente para as outras formas de amar e acreditamos que sirva também como uma ação educativa”, explica.
O professor Jimmy Farias, 25 anos, não participou do beijaço, mas ressaltou que é preciso que as pessoas entendam o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo como algo natural. “Não é outra forma de amar, porque não amamos diferente, o sentimento é igual ao de todo mundo.
E como não estamos fazendo nada de errado, não temos porque viver em guetos, em lugares específicos para gays”, pontuou.