Do Jornal do Commercio Ao longo dos pouco mais de cinco meses de governo, Dilma fez apenas três viagens à Região Nordeste - justamente a que lhe deu maior percentual de votos nas eleições passadas, graças ao apoio incondicional dos Estados ao ex-presidente Lula, também nordestino.

As viagens da presidente foram para Sergipe, em fevereiro, onde participou de uma reunião com governadores nordestinos, e duas vezes para a Bahia - uma em março, quando fez o anúncio do reajuste do Programa Bolsa Família, e outra em maio, para a cerimônia de beatificação de Irmã Dulce. É verdade que o estilo da atual presidente, mais gerencial e menos afeita a holofotes, é muito diferente do apresentado pelo seu antecessor ao longo dos oito anos em que esteve no poder.

Mesmo assim, fazendo um comparativo com os cinco primeiros meses dos dois mandatos de Lula (2003 e 2007), percebe-se uma diferença substancial em relação a Pernambuco.

De janeiro a maio do primeiro ano de seu mandato inicial, quando o Estado era governado pelo oposicionista Jarbas Vasconcelos (PMDB), Lula veio duas vezes ao Estado.

A primeira delas, aliás, apenas dez dias depois de sua posse.

Na ocasião, levou os 29 ministros e inúmeros secretários para conhecer a comunidade de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, aonde, posteriormente, o governo federal ajudaria na retirada das palafitas.

A outra visita de Lula ocorreu em abril, para tratar da Refinaria Abreu e Lima, em Suape.

Desta vez, a visita contou também com a presença de outro chefe de Estado, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

O início do segundo mandato de Lula, em 2007, já com Pernambuco sendo governado pelo seu aliado Eduardo Campos (PSB), foi marcado por nada menos que três visitas presidenciais.

Em janeiro, veio ao Estado para assinar contrato para a construção de dez navios no Estaleiro Atlântico Sul.

Um mês depois, o presidente volta a Suape, desta vez para a inauguração de uma fábrica.

Por fim, em março, faz sua terceira visita em menos de dois meses, para assistir ao espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém.

Nesse mesmo semestre outras viagens foram especuladas, especialmente para o período junino, mas acabaram não se concretizando.

A atenção dada por Lula a Pernambuco, aliás, foi motivo de ciumeiras em outros Estados da região.

Não foram poucas as vezes que o governador do Ceará, Cid Gomes - correligionário de Eduardo Campos -, e seu irmão, o ex-ministro Ciro Gomes, se queixaram de que muitos recursos federais seguiam para os pernambucanos, em detrimento dos cearenses.

Em que pese a diferença de estilos entre os presidentes - e o fato de Dilma ser mineira e ter construído sua carreira política no Rio Grande do Sul -, a presidente venceu a eleição presidencial, com folga, em todos os Estados do Nordeste.

Resta esperar que ela faça jus às palavras de Lula, em dezembro passado, durante sua última visita ao Estado como presidente: “Dilma será companheira de Pernambuco”.

Ele só não avisou que seria, pelo menos até agora, à distância. (P.A.)