Sr.
Presidente, Srs.
Senadores, Srªs Senadoras, Srªs Deputadas que aqui estão, Srs.
Deputados, aos 93 anos, o poeta Manoel de Barros foi chamado a escolher a palavra mais bonita da Língua Portuguesa.
Escolheu a palavra “criança”.
Considero essa resposta emocionante, pelo que ela tem de simbólico e de poético.
Criança nos faz pensar em início, em começo e no desafio de viver e de aprender mais um pouco a cada dia, como ocorreu comigo, aqui, no Senado da República.
Cheguei a esta Casa em fevereiro, há menos de seis meses, e, hoje, aquele meu primeiro dia neste plenário me parece uma data remota.
A impressão que tenho é a de que estou aqui há muito mais tempo, em razão de tudo o que aprendi, do volume de conhecimento que adquiri nesse período de convívio com os Senadores e com as Senadoras.
Sou de uma geração que cresceu com liberdade de pensar, de participar e de discordar.
E, aqui, no Senado, senti-me à vontade para debater todos os assuntos em pauta, para defender os interesses do meu País e do meu Estado, o Paraná.
Sou grata, de forma muito especial, ao Presidente José Sarney, que, desde o início, acolheu-me com muita simpatia e respeito; ao Líder da Bancada do PT, Senador Humberto Costa, companheiro e amigo de longa caminhada – e, em seu nome, quero cumprimentar todos os Senadores e Senadoras do meu Partido, com quem tive intenso convívio –; ao Líder do Governo, Senador Romero Jucá, por quem tenho muito respeito e consideração, assim como ao PMDB; aos membros da Mesa, aos Senadores da nossa base de Governo, enfim, a todos os Senadores e Senadoras com quem tive convivência, especialmente, ao Presidente Delcídio, da CAE, e ao Presidente Collor, da Comissão de Relações Exteriores; também aos funcionários e funcionárias desta Casa.
Viver exposta a pontos de vista contraditórios é condição da vida parlamentar e da vida democrática.
Por isso, aqui, quero aqui manifestar também minha deferência aos integrantes da oposição.
Todos foram adversários duros no debate, mas prevaleceu sempre a convivência democrática.
Perguntaram-me ontem, em conversa com a imprensa, o que teria a dizer sobre a menção, por alguns oposicionistas, de que sou um trator.
Não considero esta a melhor metáfora para quem exerce a política e sempre se dispôs a debater, ouvir e construir consensos.
A manifestação democrática é o maior instrumento que temos para avançarmos no desenvolvimento do nosso País.
E acredito que o desfecho da manifestação democrática é a decisão da maioria.
Gostaria muito, portanto, de manter a convivência respeitosa que iniciamos nesta Casa.
Não teve um dia em que não recebi um incentivo, um novo ensinamento, uma palavra de apoio e de amizade.
Levarei esses gestos na memória.
Quero agradecer os pronunciamentos de estímulo e consideração que recebi ontem e hoje desta tribuna.
A Presidenta Dilma me confiou uma nova missão, e vou cumpri-la levando em conta muito do que aprendi no Senado.
Assim como a Presidenta, minha caminhada tem uma razão de ser: é a favor do Brasil e do seu futuro.
A responsabilidade é grande.
Quando disputei o Senado da República, assumi compromisso de defender meu Estado, o Paraná, na federação, e ajudar a Presidenta Dilma, primeira mulher eleita para o cargo a governar o País.
Por isso, sempre fui muito incisiva, aqui, na defesa do seu Governo.
Não pelo simples fato de pertencer à sua base ou ser do Partido da Presidenta, mas, sobretudo, porque acredito no projeto que ela representa e coordena no País: um desenvolvimento econômico inclusivo, em que as pessoas são o objetivo maior da nossa atuação.
Quis Deus, através da Presidenta, que eu ficasse ainda mais próxima para esse auxílio.
E tenho muita clareza do tamanho dessa missão.
A quem muito é dado, muito será cobrado.
Não posso terminar este pronunciamento sem dirigir-me ao meu Estado, ao meu Paraná, aos eleitores e eleitoras que me trouxeram até aqui.
Dizer que meu afastamento do Senado não me afasta dos compromissos que assumi.
Estou mudando de instância, mas não de caminho.
Peço a este Senado da República, ao Congresso Nacional, apoio e companheirismo para desenvolver essa nova tarefa.
Peço a Deus sabedoria para exercê-la.
Encerro, aqui, com a poesia da paranaense Helena Kolody: “Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem da estrela um sol.
Outros nem conseguem vê-la”.
Meu esforço é para estar no primeiro grupo.
Muito obrigada aos meus colegas e às minhas colegas Senadoras.