NOTA OPOSIÇÃO PT e PCR: um Capibaribe de lama O governo do ex-prefeito João Paulo terminou faz 30 meses, mas os rastros de irregularidades persistem em vir à tona.

Se não bastassem os escândalos Dark (Secretaria de Serviços Públicos, 2005), Finatec (consultorias suspeitas, 2008), Qualix (coleta de lixo, 2008 e 2009) e, por fim, o escândalo dos Livros Fantasmas (denunciado há poucas semanas, são mais de R$ 2 milhões no ralo), dentre outros, a gestão do agora deputado à frente do Executivo municipal (2001/2008) deixa como lembrança indesejável aos recifenses a suspeita de um rombo de R$ 4,6 milhões no Reciprev (Regime Próprio de Previdência Social do Recife).

Se apenas coincidência ou não, veremos.

Mas o suposto desvio ocorreu justamente no ano da reeleição do João criador (a criatura, João da Costa, governa o município nos dias atuais). 2004.

Títulos públicos, derivativos, Deustch Bank. É verdade que o enredo parece de difícil compreensão.

Mas trata-se de algo bem próximo dos cidadãos recifenses, sobretudo daqueles ex-servidores públicos municipais aposentados.

A partir de um discurso propositivo - “Será bom para as (falidas) contas do Reciprev” - o ex-presidente do órgão, Aubiérgio Barros, comandou transações financeiras superfaturadas que provocaram um rombo de R$ 4,6 milhões no fundo.

Para onde foram tantos reais?

Está aí o pulo do gato.

Apenas três meses após minha estreia na Câmara do Recife, em março de 2005, solicitei informações sobre a situação do sistema previdenciário do município.

Na época, apenas um ano após as transações suspeitas, eis algumas frases do discurso que fiz na tribuna da Casa: “Os trabalhadores municipais têm um futuro sombrio.

A previdência municipal está quebrada, falida e, por isto, incapacitada para pagar a aposentadoria a quem contribuiu e tem direito”.

Reação de estranhamento à tentativa do prefeito João Paulo em elevar a alíquota mensal do Reciprev para 13,5%.

Hoje, seis anos e alguns meses após a iniciativa, as informações são ainda mais surpreendentes e espantosas.

Sedentos por poder financeiro, armaram (por enquanto, sujeitos ocultos) uma cilada em torno de um Reciprev falido, um grandioso monstro para os milhares de servidores que ali depositam seu futuro.

O que diz o ex-prefeito João Paulo?

Em nota, lembra que suas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (podem ser retificadas, ex-prefeito).

Sobre o seu afastamento do Reciprev, o que diz Aubiérgio Barros? “Certamente deve ter dito não para várias coisas”.

E, finalmente, o que diz o então supersecretário de Planejamento, atual prefeito do Recife, João da Costa?

Evasivo, “responde”: “Isso não é política, é outra coisa”. É dinheiro público, prefeito, não há como fugir.

E aparentemente muito mal gerido pelo governo do qual você fez parte.

O Capibaribe não aguenta mais tanta lama.

Priscila Krause (DEM), vereadora líder da oposição na Câmara do Recife.