Do Jornal do Commercio Abordagem agressiva, constrangimentos, ameaças.

A articulação pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que restabelece a reeleição para todos os cargos da mesa diretora da Assembleia - e possibilita a recondução do presidente Guilherme Uchoa (PDT) a um quarto mandato -, assiste a um pesado jogo de pressão sobre os deputados.

As queixas nos bastidores já preocupam o Palácio e fizeram surgir a sugestão de adiar a proposta para o final do ano.

Episódios de constrangimento, tendo à frente o ex-deputado, ex-secretário de Relações Institucionais do governo e atual prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB) – ocorridos segunda-feira, no plenário – são confidenciados por governistas e oposicionistas, no anonimato.

Um parlamentar chegou a falar que Ettore foi “acintoso”, colocando Rodrigo Novaes (PTC) no canto da parede. “Ouvi ele dizer, ninguém me contou: ‘você está entrando numa roubada.

Saia dessa’”, narra o deputado governista.

O alvo, segundo os comentários, tem sido deputados jovens e de primeiro mandato, os com menor formação política e até experientes que anteciparam posição contra a proposta.

O interesse do Palácio em reeleger Uchoa e João Fernando Coutinho (PSB) na 1ª secretaria - os dois não colocaram problema ao Executivo - coincide com o interesse de deputados que devem favores pessoais a ambos, gestores de um orçamento de R$ 310 milhões/ano da Casa.

Outro parlamentar, oposicionista, fala até que houve ameaça, do tipo “você pode se prejudicar, sofrer retaliação (se ficar contra a emenda)” Labanca repudia as acusações e tacha os acusadores de “levianos e irresponsáveis”.

Ele nega haver rolo compressor. “Não falei com nenhum na segunda-feira.

Eu disse: ‘tô fora.

Torço por Uchoa, mas não tô cumprindo missão’.

Ninguém foi ameaçado”, garantiu.

Um segundo governista, porém, contesta, assegurando que o prefeito esteve mesmo na Assembleia, em novo do governo, tratando da aprovação.

Segundo disse, o recado dele foi o de que não passaria mais um projeto de quem votar contra - uma referência às emendas parlamentares que os políticos destinam às suas bases.

O jogo duro de Ettore e de líderes do movimento, segundo o aliado, obedece a uma única tática: “em início de mandato, todo mundo tem medo de se queimar com o governo e tem expectativa de liberar seus projetos.

Como depois vem a insatisfação, mais fácil seria passar agora a reeleição”.

Quanto à paternidade intelectual da emenda, o governista garante que a ideia partiu do próprio Uchoa.

Com a adesão da mesa, foi atrás da assinatura de apoio dos novatos e, depois, vendeu ao Palácio a ideia de que não haveria problema.

Diante das reações, ainda segundo o parlamentar, o Palácio tenta agora a melhor forma de superar o impasse, que seria jogar a emenda para o final do ano.