Do Jornal do Commercio A única menção em plenário ao projeto de emenda constitucional que tenta restabelecer a reeleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa, feita ontem pelo deputado Maviael Cavalcanti (DEM), foi um desabafo de quem crê que a Casa sai ainda mais “desacreditada” do episódio.

Indignado com a tentativa de mudança da lei, o parlamentar disse que “preferiria renunciar” a ter que mudar seu voto, contrário à aprovação da emenda.

Como diversos colegas já tinham se posicionado a favor da matéria, o desconforto pairou no ambiente.

Tanto que ninguém se atreveu a fazer apartes.

O projeto tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas o relator, Ricardo Costa (PTC), pediu vista e a matéria só deve entrar em pauta no fim do mês.

Trata-se de uma emenda que pretende revogar o que a Assembleia decidiu em 2007, quando, por unanimidade, bateu-se o martelo pelo fim da reeleição.

Na opinião de Maviael, a mudança da Constituição três anos depois que a própria Assembleia resolveu extinguir a recondução da mesa diretora é de uma incoerência sem precedentes. “Na época do regime militar, de quatro em quatro anos se trocava de governador, de presidente, e o representante da Assembleia de dois em dois anos.

Como é que pode agora, numa democracia, um deputado querer ficar no poder por quatro, cinco, seis oportunidades, se há 49 parlamentares que podem ser escolhidos?”, questionou, em entrevista ao JC, na qual reforçou o teor do seu discurso.

Maviael ressaltou que era amigo do ex-deputado Romário Dias (na época do PFL), que ficou impedido de ser reeleito em 2007, e tampouco pretende agora ofender o atual presidente, Guilherme Uchoa (PDT). “Temos que resguardar a imagem da Assembleia, procurar protegê-la.

Acho que esse é um problema de coerência.” Diante do incômodo que o tema tem provocado, o líder do governo, Waldemar Borges (PSB), evitou repercutir o discurso do oposicionista. “Não quero falar sobre esse assunto”, esquivou-se, embora em entrevista à Rádio Folha tenha manifestado apoio a Uchoa.

Já Tony Gel (DEM) não teceu juízo de valor sobre o desabafo do companheiro de partido.

Porém, ao contrário de Maviael, ele tem se declarado favorável à emenda. “Ele tem as razões dele. É um grande amigo e tem todo o meu respeito.

Ali (na discussão) não é deputado contra deputado”, encerrou.