Por Pedro Aníbal de Brito No último dia 26 de maio de 2011, no Centro de Convenções de Pernambuco, sede da Secretaria de Turismo do Estado e da EMPETUR, foi lançado um “novo” Projeto intitulado: REVELANDO PERNAMBUCO.
Uma parceria inédita dos Órgãos governamentais com a Fundação Assis Chateaubriand (FAC).
O evento contou com um público formado pela imprensa, representantes das entidades envolvidas e alguns poucos convidados, em uma cerimônia pomposa, regada a um “brunch” regional.
Pelo que foi depreendido da apresentação feito pela representante da FAC, o Projeto tem por objetivo: “… mostrar as potencialidades turísticas dos municípios pernambucanos que se encontram fora da linha costeira – parte do litoral que abriga a grande maioria da estrutura receptiva, dos atuais investimentos e, consequentemente, dos fluxos turísticos – para que se possa expandir as fronteiras do desenvolvimento econômico trazidas com o turismo e preparar alguns municípios para a Copa de 2014”. » LEIA RESPOSTA DA EMPETUR O que não foi devidamente explicado durante a apresentação, e incomodou um pouco a alguns dos presentes, foi lembrar que desde 2008, estes mesmos órgãos estaduais lançam, ano a ano, o Projeto PERNAMBUCO CONHECE PERNAMBUCO (PE CONHECE PE), em cerimônias que sempre contavam com a participação de calorosa e entusiasmada platéia, na qual se encontravam: prefeitos, secretários, representantes dos Municípios da RMR e de várias cidades do Agreste e Sertão – integrantes dos Roteiros –, de instituições governamentais do próprio estado, de associações da iniciativa privada e de personalidades do Trade Turístico.
Coisa que não se viu nesta ocasião.
De lá para cá, foram feitas três edições do projeto original PE CONHECE PE.
Para aqueles que não recordam, é um projeto que tinha como proposta inicial dar visibilidade aos municípios pernambucanos que possuíam alguns bons atrativos (naturais, históricos, culturais, gastronômicos, etc.), mas que juntos poderiam agregar mais valor turístico.
E assim, eles foram agrupados em Rotas Turísticas, em um trabalho que seguia as orientações e apoio do Ministério do Turismo.
E numa visão econômica mais global, o Projeto fomentava a visitação àquelas cidades interioranas, fazendo com que o pernambucano circulasse mais pelo Estado, desta forma, movimentando as economias locais.
Com direito a uma forte campanha de marketing, que contava inclusive com vinhetas exibidas na TV (Uma ação verdadeiramente original daqui de nosso Estado, feito por pernambucanos.
Tudo em casa.
Bem econômico.
Uma receita quase infalível.).
Aliado ao fomento, a ação levava a cada Município da Rota visitado, oficinas e palestras, nas mais diversas áreas de profissionalização, para uma melhor compreensão do turismo, evidenciando seus benefícios, e também, alertando e preparando-os para alguns contratempos que, infelizmente, a atividade trás.
Porém, aconteceu que, entre falta de estrutura de algumas cidades para receber as caravanas, e as muitas festas e shows seguidos de escândalos, o slogan foi enterrado pela administração anterior, e lançado sobre o projeto – pela atual administração – uma pá de cal.
Não satisfeito, e com uma rápida pesquisa na internet, fui conferir o que a representante da FAC disse à platéia no discurso de apresentação do “novo projeto”: “… aquele já era um “case” de sucesso no Estado do Tocantins e agora chegava a Pernambuco…”.
Pois bem, como dizia nosso pernambucaníssimo Abelardo Barbosa (Chacrinha, o Velho Guerreiro): “– Na TV, nada se cria tudo se copia.”.
E aliando ao que diria a personagem de Odorico Paraguaçu – imortalizado pelo inesquecível Paulo Gracindo: “– Povo de Sucupira, o que aconteceu aqui foi um Antopofagismo estruturista”.
Ou seja, vendemos o boi e compramos o bife.
Isso tudo bem diante dos olhos da platéia que ocupou boa parte do Auditório Ribeira durante o lançamento do projeto.
Pois, a idéia original já é utilizada na “terra dos altos coqueiros” há muito tempo, inclusive, serviu de paradigma em outros Estados, pelo visto, para eles também.
E o pior.
Está sendo vendido à sociedade pernambucana como algo inovador.
Além do mais, sem sequer ter sido citada, por nenhum dos palestrantes – inclusive o governamental –, as fontes inspiradoras de tão valorosa idéia.
Assim, havia três impressões durante a apresentação do projeto: Alguns olhos e ouvidos assistiam a tudo incrédulos, pela absoluta e inconfundível sensação de “dejà-vu”; Outros se encontravam cinicamente postos como que surpresos com tamanha competência de quem o apresentara, e assim, absurdamente satisfeitos.
E outros, inocentes e desinformados, ficaram deslumbrados com o que era proposto.
Ao final de tudo, o que pairou no ar – na percepção daqueles primeiros, e os mais críticos – foi o desagradável aroma que acabara de sair do imenso forno em que se transformou o Auditório Ribeira.
Serviram aos presentes um prato requentado: o mesmo PE CONHECE PE, com um “molhinho Chateaubriand” chamado REVELANDO PERNAMBUCO.
Muito provavelmente, (e esperamos que não) sem a necessária fervura para livrar-se dos germes que o contaminavam.
E a sociedade pernambucana vai ter de engolir tudinho goela a baixo.
Vai um pedacinho aí?
PS: Pedro Aníbal de Brito – Turismólogo e estudante do MBA em marketing