Gilvan Oliveira, no JC Online A tramitação de uma Proposta de Emenda à Constituição estadual (PEC) expõs nesta segunda (30) uma divisão na base aliada do governo Eduardo Campos (PSB) na Assembleia Legislativa.

O PTB, liderado no Estado pelo senador Armando Monteiro Neto, se opôs frontalmente à PEC 01/2011, de autoria do deputado estadual Ângelo Ferreira (PSB), que prevê a volta da reeleição para os membros da mesa diretora e viabiliza a recondução de Guilherme Uchoa (PDT) à presidência do Legislativo para um quarto mandato consecutivo.

O deputado José Humberto Cavalcanti (PTB) justificou a oposição do partido como sendo uma questão de “princípio” e negou tensão na relação com o governo.

Por trás desse “fogo amigo”, porém, estariam outros ingredientes.

Um deles seria a aspiração dos petebistas por mais espaço no Legislativo.

Segunda maior bancada da Assembleia com nove deputados, atrás apenas do PSB, com 11, o PTB ocupa cargos periféricos no Legislativo: a 1ª vice-presidência, com Marcantônio Dourado – cargo com atribuições meramente formais – e a presidência da Comissão de Finanças, com Sílvio Costa Filho.

Com a aprovação da emenda, é praticamente certa a recondução de Uchoa à presidência e de João Fernando Coutinho (PSB) para a 1ª secretaria, os dois cargos mais importantes da mesa, continuando o PTB fora de postos influentes.

Outro motivo para a oposição do PTB seria dar uma resposta a Uchoa em razão do critério por ele escolhido para a convocação dos suplentes, em fevereiro, preterindo petebistas.

Na contramão da Câmara Federal e da maioria das Assembleias estaduais, Uchoa chamou os suplentes dos partidos para o lugar de deputados licenciados, beneficiando dois nomes do PSB – Sebastião Rufino e Ciro Coelho – em detrimento de dois suplentes do PTB – o próprio José Humberto e Augusto Cézar.

Em abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que deveria ser observada a ordem das coligações em caso de suplência, obrigando Uchoa e mudar sua decisão.

Apesar de o secretário estadual da Casa Civil, Tadeu Alencar, negar que o governo Eduardo esteja interferindo neste debate, seria de interesse do governador a aprovação da emenda para manter o fiel escudeiro Uchoa à frente do Legislativo e evitar a ascensão de um aliado não tão “disciplinado”.

José Humberto negou que a posição do PTB signifique uma retaliação a Uchoa. “Não se trata de uma questão pessoal.

Somos contra a reeleição e defendemos o fim dela em qualquer nível”, afirmou.

E disse que é praticamente certo que o partido marche unido contra a PEC da reeleição.