Jean-Jacques Gaudiot (jjgaudiot@ezreport.com) A lista de produtos e serviços na balança comercial entre o Brasil e a França até que é diversificada: produtos agrícolas, energia, petróleo e gás, materiais de construção, tratamento de lixo urbano, telefonia, tecnologia da informação e até jogador de futebol.
Embora este último “item” não se enquadre nem em produto ou serviço.
Mas o fato é que dificilmente veremos um jogo do campeonato francês sem um brasileiro em campo.
Nem que seja no banco de reservas.
Entretanto, futebol não é um tema dos mais palatáveis entre franceses e brasileiros.
Fiquemos, então, na pauta das exportações.
Apesar de uma certa diversificação, as relações comerciais entre as duas nações poderiam ser bem mais proveitosas.
De lado a lado.
O último grande movimento nas relações franco-brasileiras foi a tentativa do governo francês de vender os caças Rafale para o Brasil.
A novela está se arrastando e promete muitos capítulos até chegar ao seu final.
Alguns estados brasileiros vêm ensaiando um namoro mais firme com a França.
Em São Paulo, por exemplo, empresários de Campinas organizaram uma missão comercial a Paris.
O governo daquele estado também participou de um encontro na Câmara de Comércio França Brasil mostrando a empresários franceses as oportunidades de negócio em solo paulista.
Também temos notícias de iniciativa semelhante no Rio Grande do Sul.
Então, por que não Pernambuco caminhar na mesma direção?
Este estado vive um momento especial na sua economia registrando taxas de crescimento duas vezes maiores que a do próprio País.
Há um grande potencial de negócio com os franceses, quer seja na ampliação dos negócios bilaterais como na atração de investidores para Pernambuco.
Segundo a Câmera de Comerércio da França, a França investe aproximadamente R$ 5 bilhões por ano no Brasil, a maior parte nas regiões Sul e Suleste.
O Brasil exporta somente R$ 12 bilhões por ano para França, principalmente commodities e minério, e isso representa somente 1% do comércio exterior da França.
Portanto, o movimento já existe, e há um potencial a se desenvolver.
Enumero, a seguir, alguns pontos que considero favoráveis a Pernambuco.
A começar pelo clima.
Sol quase o ano todo.
Os governos se sucedem e qualquer que seja a tendência política há sempre políticas de incentivos para novos investimentos.
O custo de vida é menor que em estados como São Paulo ou Rio de Janeiro.
O mercado local se desenvolve acima da media nacional.
Ou seja: Pernambuco é um excelente produto.
Mas como qualquer produto, não basta ser bom, é necessário divulgá-lo para vendê-lo.
O Estado deve promover palestras regulares em Paris, e se possível, nas maiores cidades francesas, chamando as “Chambres de Commerce”.
Obviamente que essa articulação também deve envolver o Governo Federal e instituições como a Câmara de Comercio do Brasil em Paris.
A França está hoje com um crescimento baixo, de 1% a 2% por ano, problemas de identidade, e muitas dúvidas sobre si mesma.
Está procurando outros horizontes mais positivos e otimistas.
Propor produtos com maior valor agregado, na continuidade das commodities já sendo exportadas, e mostrar um mercado nordestino em plena expansão mostra-se como uma estratégia vitoriosa.
Esse é um trabalho de longo prazo, porém, se bem comandado, sem dúvida dará resultados.
Esta sim, seria uma invasão francesa da qual Pernambuco gostaria de estar entre os alvos principais.
PS do Blog:Nascido na França, Jean-Jacques Gaudiot é consultor em comércio exterior e adotou Pernambuco como sua base há 10 anos.