Numa iniciativa inédita na história da cidade, o prefeito de Caruaru, José Queiroz, instalou nesta segunda-feira (30) o Pacto pela Saúde.

O fórum será coordenado pelo próprio chefe do Executivo municipal e inclui o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Conselho Regional de Medicina (Cremepe), Sociedade Médica de Caruaru, Conselho Municipal de Saúde, Câmara de Vereadores e Governo do Estado, representado pela 4ª Gerência Regional de Saúde (Geres).

O principal objetivo do Pacto é discutir soluções para os graves problemas do setor. “O Pacto pela Saúde vai discutir uma nova definição de políticas públicas para o setor.

Caruaru, assim como outras cidades do mesmo porte, enfrenta graves problemas provocados pelo estrangulamento da rede.

Vamos buscar apoio federal e estadual para avançar nas alternativas e desfazer os gargalos”, afirmou o prefeito.

Ele lembrou que os problemas do setor em Caruaru não dizem respeito apenas aos caruaruenses, pois o município é o maior pólo do interior do Estado e atende a uma demanda que cobre praticamente todo o Agreste e parte do Sertão. “A rede médica de Caruaru abrange quase 90 municípios.

São mais um milhão de pessoas que vêm buscar atendimento e tratamento na cidade.

Não podemos discutir os problemas de maneira isolada, temos que pensar regionalmente e abrir este debate com a sociedade”, afirmou o prefeito.

Ele anunciou que irá convidar as prefeituras vizinhas para participar do Pacto, para que as alternativas sejam tomadas em conjunto. “Queremos trazer representantes do Ministério da Saúde para cá, para mostrar a eles a realidade em que vivemos.

Não adianta termos avanços isolados em Caruaru se a região não acompanhar”.

O deputado federal Wolney Queiroz (PDT) que representa a região em Brasília e também compareceu ao debate, irá colaborar na interlocução com o Governo Federal.

Durante a reunião um dos assuntos mais debatidos foi a Portaria 134, do Ministério da Saúde, que proíbe os profissionais do setor de acumularem mais de dois vínculos.

Situação que já era prevista na Constituição Federal, mas que só foi regulamentada em maio deste ano. “Tínhamos médicos com até 18 vínculos no Estado, o que era um absurdo.

No entanto, com esta portaria muitos municípios vão perder profissionais e precisamos discutir soluções para este problema”, afirmou Maria Aparecida de Souza, diretora da 4ª Geres.

Em Caruaru, por exemplo, 14 médicos já anunciaram desligamento da rede municipal.

A Capital do Agreste conta agora com 273 médicos.

A Organização Mundial de Saúde indica a proporção de 1 médico para cada grupo de mil habitantes, o que deixaria a cidade dentro dos limites internacionais.

No entanto, se considerarmos a população atendida, cerca de um milhão de pessoas, há uma carência inicial de 161 vagas médicas, número este que foi disponibilizado no último Concurso Público, ano passado, do qual foi preenchido por 40 profissionais que assinaram o termo de posse e apenas 19 estão em efetivo exercício.

Uma segunda rodada de conversas ficou acertada para a próxima segunda-feira, no Centro Administrativo da Avenida Rio Branco.

A próxima reunião do Pacto já deverá contar com representantes das cidades do entorno.

O vice-prefeito e ex-secretário estadual de Saúde, Jorge Gomes, também está na coordenação ao lado de José Queiroz.

Município Na última sexta-feira a ex-secretária Cristina Sette foi afastada da pasta.

O secretário executivo, Marlos Queiroz, que assumiu interinamente, continua respondendo pela parte burocrática.

A única mudança na equipe foi a posse de Wedneide Almeida, como diretora de Atenção Básica, no lugar de Valéria Péres. “O Pacto irá determinar a condução das políticas públicas durante os próximos 60 dias.

Ao final deste período iremos anunciar o novo gestor.

Queremos que o setor seja fortalecido com a participação da sociedade. É um problema grave demais para deixarmos nas mãos de apenas uma pessoa, independente que sem será o novo indicado”, analisou Queiroz.