Do iG A ministra da Economia da França, Christine Lagarde, chega ao Brasil nesta segunda-feira, dia 30 de maio, a fim de obter apoio das autoridades brasileira à sua candidatura ao comando do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Lagarde, que pretende ocupar o cargo de diretora-gerente, no lugar do seu compatriota Dominique Strauss-Kahn, que renunciou depois das acusações de abuso sexual, vai se encontrar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

A expectativa é que ela conceda uma entrevista depois do encontro marcado para um hotel em Brasília.

A visita é uma tentativa da ministra francesa de buscar o consenso entre todas as economias, especialmente as emergentes, como Brasil e China, em prol de sua candidatura, lançada na última quarta-feira.

Advogada de formação, Lagarde fará uma turnê por outros emergentes proeminentes, incluindo China e Índia.

A ministra da França também fará campanha no Oriente Médio. “Eu escolhi visitar as nações emergentes porque elas têm manifestado preocupação e frustração.

Preocupação porque querem que a situação de suas economias seja reconhecida no Fundo e frustração porque o FMI tem tido diversos diretores-gerentes europeus e eles querem saber se os candidatos pretendem representar o interesse geral”, disse Lagarde, em entrevista à rádio Europe 1, neste domingo.

Ao ser questionada se o posto no FMI deveria permanecer nas mãos dos europeus, ela afirmou: “Quando você chefia o FMI você se torna um animal internacional porque você é responsável por todos os 187 países membros.

Mas eu permaneço profundamente francesa e europeia pela cultura”.

Lagarde já conta com o suporte das economias europeias, como tradicionalmente acontece.

Ela já teria obtido também o apoio dos EUA.

Historicamente, o comando do FMI fica nas mãos de um europeu enquanto a direção do Banco Mundial fica nas mãos de um americano.

Embora Lagarde enfatize que os EUA ainda não deixaram sua preferência pública, afirma que há apoio da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, para sua candidatura.

Hillary disse que os EUA “não oficialmente” parabenizam mulheres em cargos de alta importância em instituições internacionais, como o FMI.

Candidato do México Por enquanto, apenas o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, é o único candidato declarado que pode pôr em risco às pretensões da ministra francesa.

Carstens deve visitar o Brasil na quarta-feira.

As candidaturas à chefia do FMI devem ser oficializadas até o dia 10 de junho.

O resultado sai no dia 30 de junho.

Na semana passada, o ministro Guido Mantega disse que o Brasil não tem nenhum candidato brasileiro ao cargo e defendeu uma posse provisória até 2012, quando acabaria o mandato de Strauss-Kahn.

Mantega havia defendido que o candidato “viajasse” e conversasse com os “países de maior peso”.

Crise na Europa Se não for eleita para o cargo no FMI, Lagarde afirmou que continuará no seu posto.

Garantias foram dadas tanto pelo presidente da França quanto pelo seu primeiro-ministro, citou ela.

Ao falar da Europa, Lagarde repetiu que uma reestruturação da dívida da Grécia não estava sendo considerada, mas avaliou que o país tem de continuar reduzindo o déficit, acelerar o plano de privatização, bem como adotar reformas estruturais, uma vez que estas são as condições para suporte financeiro de seus pares da zona do euro e do FMI.

Lagarde afirma que a economia francesa teve um forte início de ano e manteve sua projeção de PIB em 2% para este ano e 2,25% para 2012.

No primeiro trimestre, o PIB da França subiu 1%, a taxa mais rápida desde 2006.