Da assessoria de Aline Mariano A possibilidade de um novo cadastramento para os ex-catadores do lixão da Muribeca; um novo modelo de capacitação; possível inserção desses trabalhadores nos cinco galpões de seleção de lixo, já em funcionamento no Recife, e a criação de cooperativas.

Essas foram algumas alternativas encontradas para resolver a situação dos quase mil trabalhadores que estão parados desde o encerramento das atividades do aterro da Muribeca, localizado em Jaboatão dos Guararapes.

O assunto foi amplamente discutido durante a audiência pública ocorrida na Câmara Municipal do Recife, promovida pela vereadora Aline Mariano (PSDB), na manhã de hoje. “Precisamos arrumar esse cadastramento e vamos ver de que forma podemos fazer isso. É preciso pensar numa melhor proposta de capacitação para que vocês (ex-catadores) possam brigar por um emprego.

Temos que sentar com outros secretários municipais e governo do Estado para buscar alternativas”, comentou o secretário de Serviços Público, Eduardo Santos Vital, após ser cobrado pelos ex-catadores da Muribeca.

Outra promessa feita de público pelo secretário foi a de que agora o Recife vai participar do consórcio com os demais municípios da Região Metropolitana.

A cidade vinha se opondo a entrar no consórcio e desejava ter o seu próprio aterro.

A vereadora Aline Mariano comemorou o avanço. “Está sendo redesenhado um novo modelo aqui.

O secretário abre essa possibilidade, bem como a de um novo cadastramento, e reconhece que as capacitações são falhas e que devem ser um caminho para a inserção desse pessoal no mercado de trabalho”, ressaltou.

O secretário pontuou as ações já realizadas pela PCR em favor desses trabalhadores.

Disse que a prefeitura havia distribuído mil cestas básicas; dado por seis meses um auxílio de R$ 465,00 e feito 274 capacitações.

Argumentou ainda haver 226 vínculos empregatícios oficializados pela PCR, mas soube dizer por quanto tempo esses cidadãos ficaram empregados.

Em 2008 foi feito um cadastro pela PCR onde foram inscritos quase 900 trabalhadores.

Mas até agora 611 pessoas nem foram capacitadas, nem estão trabalhando, segundo ressaltou Aline Mariano.

Os números apresentados pelo secretário Vital revoltaram os ex-catadores que esbravejaram.

Os relatos dos trabalhadores foram de que nenhum dos que estavam presentes recebeu ajuda financeira; que as capacitações são insuficientes e de péssima qualidade e que não há emprego para eles, que estão em situação indignas. “O senhor fala que foram distribuídas cestas básicas.

Muitos aqui não receberam e os que ganharam não estão comento até hoje essa comida.

Ninguém aqui está pedindo esmola, está cobrando direitos”, colocou a representante dos ex-catadores, Kelly Sales.

Entre os diversos depoimentos que emocionaram a vereadora Aline Mariano e a secretária executiva da Secretaria das Cidades, Ana Suassuna, ambas choraram, foi o da catadora Luciana Maria da Silva.

A mulher contou que passava as noites no lixão com os companheiros catando restos de comida para alimentar-se. “A gente juntava tudo numa lata e cozinhava para dividir com todos.

A gente comia os restos encontrados.

Era cabeça de peixe, pea de carne…

Roupas, calças, lençol, creme de cabelo e até pasta de dente.

Tudo era retirado do lixão”, confessou Luciana.