Por Waldemar Borges, especial para o Blog de Jamildo Venho hoje falar sobre as mudanças que estão ocorrendo na maior unidade da rede de saúde pública do Estado de Pernambuco e o maior e mais complexo serviço de urgência e trauma do Norte/Nordeste: o Hospital da Restauração.

Nele, tudo é grande, para o bem e para o mal.

A novidade a ser destacada é a diminuição do que deve ser pequeno e a ampliação do que dever ser grande.

Explico: ao longo dos seus mais de 40 anos de história, o HR, além dos relevantes serviços prestados à população, ficou também conhecido pelas longas filas da sua rampa, pela enorme e desumana lotação dos seus corredores e pelo largo abismo que separava a demanda e a oferta de seus leitos, apenas como exemplo das mazelas que ocorriam, sempre em grande escala, e começam a ser minimizadas.

Por outro lado, as intervenções de alta complexidade em áreas como neurocirurgia, hemorragia digestiva, traumas e em outros campos que requerem alta especialização, vêm aumentando.

Em outras palavras, o Restauração está conseguindo centrar, cada vez mais, o seu foco de atuação naquilo que efetivamente é a sua missão.

Essa mudança, cujos efeitos já são bastante perceptíveis pelos que necessitam recorrer ao Hospital, se deve basicamente ao esforço para que se consolide em Pernambuco o funcionamento efetivo de uma rede de atendimento à saúde, o que significa, tanto a melhoria e a ampliação da estrutura física de atendimento – exemplificado pela construção das UPAs e dos hospitais metropolitanos, quanto o disciplinamento dos encaminhamentos que historicamente desaguavam no HR, ainda que de menor complexidade.

Para se ter uma idéia, hoje, só na UPA do Curado, são atendidos 500 pacientes/dia, com apenas 14 transferências para os grandes hospitais.

Uma resolução de 97,2% dos pacientes.

Ou seja, está acabando aquela situação da pessoa que torcia o pé jogando bola em um município distante do Recife vir buscar atendimento no HR.

Por outro lado, se o caso for efetivamente de alta gravidade, como a maioria dos acidentes de motos, o paciente vai encontrar um hospital com maior capacidade e melhores condições para atendê-lo.

Nessa lógica de funcionamento em rede, o atendimento primário cabe ao município.

Mas dada a gravidade da desorganização e carências encontradas, o Governo Estadual não podia dar as costas ao problema e vem participando através das UPAs.

Isso, no entanto, não exime os municípios da responsabilidade de ampliar e melhorar esse tipo de atendimento.

Ao contrário, ao lado do disciplinamento hoje realizado pela direção do HR, é fundamental que, os casos de menor gravidade sejam tratados nas unidades apropriadas aos atendimentos primários.

Assim, estaremos virando mais uma página do serviço público em Pernambuco, permitindo que no Hospital da Restauração grande seja apenas a qualidade do serviço que oferece e não mais as deficiências que apresentava por conta da ausência de uma rede efetiva de atendimento à saúde. *Waldemar Borges é deputado e líder do Governo na Assembleia Legislativa de Pernambuco