Por Terezinha Nunes Considerada a jóia da coroa do setor elétrico brasileiro – é, disparada, a sua empresa mais rentável - a Chesf teve um lucro de R$ 2 bilhões e 177 milhões no ano passado, muito mais que o dobro do lucro de 2009 que foi de cerca de R$ 900 milhões.
Para se ter uma idéia do que isso representa, a Eletrobrás, à qual são subordinadas todas as empresas estatais do setor elétrico, teve no ano passado um lucro de R$ 2 bilhões e 552 milhões, incluindo os mais de R$ 700 milhões que, compulsoriamente, recolheu da Chesf, deixando a empresa nordestina quase sem recursos para investir em projetos próprios em 2010.
Mas esse grande salto da Chesf que, até quatro anos atrás, seria motivo de regozijo para os nordestinos e para os mais de 5 mil funcionários da empresa , não foi até o momento comemorado, embora já seja do conhecimento de todos. É que, da mesma forma que, paulatinamente, a Eletrobrás vem há quatro anos transferindo para sua sede no Rio de Janeiro quase todo o lucro da empresa nordestina, a guisa de transformar-se, como falou o ex-presidente Lula, na Petrobrás do setor elétrico, não há qualquer dúvida de que a operação este ano vai se repetir.
No ano passado, em plena campanha eleitoral, nem mesmo a mobilização dos funcionários, técnicos e políticos de oposição conseguiu demover a Eletrobrás da investida sobre os recursos da Chesf.
Os protestos aconteceram, o próprio governador Eduardo Campos chegou a receber a comissão de mobilização mas, no final, ficou o dito pelo não dito.
Este ano não há qualquer sinal de reação, o que pode levar a Eletrobrás a, de forma ainda mais firme, raspar o tacho da Chesf e deixar a empresa, que já foi a locomotiva do Nordeste, ainda mais carente de recursos e, consequentemente, de poder de decisão.
Embora quando ministra das Minas e Energia, a atual presidente Dilma defendesse intra-muros a mesma idéia, depois encampada por Lula, de fazer a Eletrobrás se fortalecer amealhando os lucros de todas as empresas do setor elétrico, na mobilização do ano passado, o PT apressou-se em colocar a culpa no então presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, do qual pediu, solenemente, a cabeça ao então presidente Lula.
José Antonio, indicado pelo senador José Sarney deixou a presidência da Eletrobrás na gestão Dilma mas o ministro , Edson Lobão, continua o mesmo e não há qualquer evidência de que vá sair ou de que a atual presidente deseje mudar um milímetro a condução do setor que ela tão bem conhece.
Sem condições de traçar uma política de desenv olvimento para o setor elétrico do Nordeste, coisa que tão bem conduziu durante mais de 50 anos, a Chesf atualmente só investe se a Eletrobrás desejar.
Sua participação em empreendimentos como o de Belo Monte foi decidida no Rio de Janeiro e não em Recife.
Técnicos credenciados do setor elétrico afirmam que a função principal da empresa hoje é manter em perfeitas condições as instalações das usinas que construiu no Nordeste e as linhas de transmissão que perpassam a região.
Mas mesmo sua capacidade de continuar fazendo esta operação foi posta em cheque recentemente pelo ONS – Operador Nacional do Sistema – órgão federal que, em relatório, culpou a empresa nordestina de ter sido responsável pelo apagão que atingiu o Nordeste este ano, o primeiro da era Dilma.
Impedida de criticar os superiores, já que hoje é uma subordinada, a Chesf não deu até agora um pio sobre o assunto, apesar de muita gente desconfiar de que, se erro houve, isso acontec eu porque a empresa está sem recursos para fazer os investimentos necessários nas linhas de transmissão.
Seja lá o que tenha acontecido ou vá acontecer, a verdade é que a Chesf perde cada vez mais poder e se o silêncio continuar sendo a sua resposta é possível que, além da carência de recursos ela passe a perder a própria credibilidade técnica e administrativa que tanto orgulho deu aos pernambucanos e nordestinos CURTAS Herança - Se alguém se admirou do grande número de deputados eleitos em Pernambuco em 2010 pelos próprios pais ou parentes – em grande parte filhos de perfeitos – tudo indica que a dose vai se repetir em 2012.
Já estão na lista de possíveis candidatos a vereador do Recife, Marcela Campos, filha do ex-governador (falecido) Carlos Wilson Campo.
O ex-deputado federal Bruno Rodrigues estaria pensando em lançar a candidatura do filho mais novo e o deputado estadual Eriberto Medeiros vai candidatar um filho pelo PTC.
A lista só está começando.
Desgaste - A idéia do deputado Luciano Siqueira de fazer emenda a projeto do TCE transformando técnicos de nível médio em auditores, acabou desgastando o governo do estado, quando foi denunciado que pelo menos dois secretários estaduais seriam beneficiados.
Mas informações que circulam na Assembléia dão conta de que mais gente do governo seria aquinhoada, o que acabou levando o Palácio a mobilizar sua bancada contra o projeto.
Mesmo que de forma sorrateira.