Os líderes da oposição no Senado e o peemedebista dissidente Jarbas Vasconcelos (PE) encaminharam nesta terça-feira (24) uma representação à PGR (Procuradoria Geral da República) na qual mostram a “disparidade" entre os ganhos da Projeto, empresa do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e o rendimento de outras consultorias do país.
Um dos diferenciais entre as empresas é que as que estão no topo e faturam mais, ao contrário da Projeto, funcionam há vários anos e empregam dezenas de funcionários “regiamente pagos e especializados em áreas diversas”.
Os opositores denunciam o ministro por tráfico de influência, “pois é evidente que as empresas não contratavam do ministro os serviços usuais e cotidianos prestados no mercado de consultoria”, diz o texto da representação. “O que o ministro Palocci fornecia eram contatos com seus ex-companheiros no governo federal para obter facilidades ou negócios com a administração pública”, alegam os parlamentares.
Enquanto a empresa do ministro faturou, apenas em dois meses - novembro e dezembro do ano passado - R$ 10 milhões, a líder do mercado, a LCA Consultores, de acordo com os senadores, obteve pouco mais de R$ 20 milhões distribuídos nos 12 meses do ano, mesmo contando com uma equipe formada por mais de 100 pessoas e atendendo cerca de 100 empresas.
A Projeto superou os ganhos da segunda colocada no ranking das consultorias, a Tendências, cujo faturamento anual, segundo a representação, seria entre R$ 13 milhões e R$ 15 milhões.
No documento encaminhado ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os parlamentares lembram que nenhum profissional especializado na área jamais ouviu falar da atuação da empresa do ministro em nenhum segmento do mercado.
Lembram ainda que o procedimento rotineiro na área de consultoria, de cobrar taxas em torno de R$ 6 mil mensais pelo fornecimento de relatórios macroeconômicos, “com análise e projeções de inflação, PIB (Produto Interno Bruto) e câmbio”, inviabiliza as justificativas de Palocci para explicar seu rápido enriquecimento.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o patrimônio pessoal do ministro da Casa Civil aumentou 20 vezes entre 2006 e 2010.
Neste período, Palocci exerceu o mandato de deputado federal.