Mariangela Gallucci, do Estadão Depois do fracasso na Câmara, desta vez são os senadores da oposição que vão tentar convocar o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, para que ele explique numa comissão os negócios da empresa Projeto Consultoria Financeira e Econômica Ltda.

Os senadores mostraram neste domingo, 22, em entrevistas ao Estado, estarem convencidos de que os negócios do ministro indicam “tráfico de influência”.

Paralelamente à tentativa de convocação para Palocci depor nesta semana, senadores e deputados da oposição vão começar a coletar assinaturas para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Eles contam conseguir as 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores com a ajuda de parlamentares governistas.

O requerimento prevê uma CPI mista e, uma vez conseguido o apoio legal necessário, a presidência do Congresso não pode barrar a instalação da comissão de inquérito.

Os senadores reconhecem que será difícil conseguir o número necessário de assinaturas para a instalação da CPI. “Tem muitos governistas incomodados com a situação.

Gente que, reservadamente, concorda conosco que ele deveria vir a público se explicar”, disse o senador Demostenes Torres (DEM-GO). “A CPI se justifica pela gravidade dos fatos.

O importante não é só saber quanto ganhou Palocci e sim saber quem e quanto ganharam os que se valeram do tráfico de influência exercido por ele”, disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). “Nós temos de endurecer o discurso porque está passando a ideia de impunidade.

Não há nenhuma atitude vigorosa da presidente da República diante de um escândalo que ganhou proporção e está na boca de todos os brasileiros.

E há uma exigência da sociedade para que sejam tomadas providências.

Como o governo não adota providências e continua com o modelo anterior de passar a mão na cabeça dos que cometem deslizes, a oposição tem de endurecer o discurso”, afirmou Alvaro Dias.