Reinaldo Azevedo, em seu blog Há perguntas que já trazem em si a resposta, não é?

Leiam o que informa Mirella D’Elia, na Veja Online.

Volto em seguida: Assim que pisou em casa, na quente manhã desta quinta-feira, Francenildo dos Santos Costa, de 28 anos, correu para pegar no colo a pequena Amanda, 3 meses. “Meu patrimônio são meus filhos, eles são a minha riqueza”, diz, semblante de felicidade, referindo-se, também ao mais velho, Thiago, de 11 anos.

Fora a chegada da caçula, pouca coisa mudou desde que o então caseiro teve o sigilo bancário quebrado ilegalmente, em 2006.

O episódio derrubou Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, no governo Lula.

Enquanto Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio em quatro anos, o piauiense diz ter como único bem - além dos filhos - um lote na cidade de Nazário, a 25 quilômetros de Teresina, onde nasceu.

O terreno, comprado por 2.500 reais, hoje vale cerca de 8.000.

Cinco anos depois, Francenildo continua morando de aluguel em São Sebastião, a cerca de 30 quilômetros do Congresso Nacional.

Caseiro não é há tempos.

Vive de bicos como jardineiro e ganha pouco mais de 1.000 reais por mês.

Diz que parou de pagar 60 reais por mês ao INSS para comprar fraldas. “Por que ele não explicou de onde veio o dinheiro?

Na minha época eu tive que explicar”, disse ao site de VEJA, indagado sobre o que achava do salto patrimonial do ministro da Casa Civil.

Aqui Voltei Muitos tenderiam a responder a Francenildo: “É porque você é pobre, e ele é rico”.

Trata-se de uma explicação velha e incompleta.

Muitos ricos já se deram mal na política e quebraram a cara por, digamos, ações até mais modestas do que Palocci.

A resposta é esta, Francenildo: “É porque Palocci é petista, e você não é”.

Com uma pergunta muito simples e uma constatação, esse rapaz desconstrói, mais uma vez, Antonio Palocci. É isto: por que o coitado teve de explicar tudinho, e o nababo não precisa explicar coisa nenhuma?

O fato é que o ressurgimento de Palocci no noticiário, não exatamente nas páginas do jornalismo de exaltação, lembra-nos a barbaridade que foi o caso Francenildo, não é mesmo?

Um homem pobre, simples, que pertence àquele tal “povão” tão exaltado por Lula, quase foi esmagado pela soma das máquinas do estado e do partido oficial.

Teve seus direitos constitucinais violados.

Pecado: ele tinha R$ 39 mil na conta e era alguém que testemunhara que o então poderosíssimo ministro da Fazenda freqüentava uma casa de pecados, também os políticos, em Brasília.

O caseiro, de fato, derrubou o ministro — que, como se vê, não ficou na chuva.

Eleito logo depois, montou a sua “consultoria” e juntou a fortuna à fama.

O que teve seus direitos constitucionais violados vai receber, não havendo protelação, R$ 500 mil de indenização.

O então ministro que bisbilhotou a sua conta ganhou uma bolada como consultor, tanto que torrou R$ 7,5 milhões em dois imóveis.

Não é luta de classes no molde marxista exatamente.

Estamos diante de um troço diferente.

Os petistas formam a nova aristocracia brasileira.

Como se sabe, por laços de parentesco e simpatias partidárias, ela tem direito até a passaportes diplomáticos.

Ah, sim: a jornalista que “bateu o fio” para o então ministro sobre a grana do caseiro, Helena Chagas, é a chefona da área de comunicação do governo.

Exerceu o mesmo papel na campanha de Dilma.

Por indicação de Palocci.

Desta feita, o algoz de Palocci, tudo indica, não é um caseiro, mas um “companheiro”.

Quem?

A esta altura, o ministro já conhece o preço do bom comportamento com quem o tem na mira.

Francenildo se danou apenas porque contou o que viu.

Não havia pedido nada em troca.