Foto: Marcelo Justo, da Folhapress Jeferson Ribeiro, da Reuters Prestes a se reeleger para comandar o maior partido de oposição ao governo Dilma Rousseff, o tucano Sérgio Guerra (PE) avisa que não aceitará compor uma Comissão Executiva para atender a interesses de grupos do partido. “Nossa chapa [para a Comissão Executiva] jamais vai configurar a colagem de grupos antagônicos.
Não serão os grupos que vão formar a nova chapa.
Serão as forças do partido e suas bases de maneira que nós possamos ter ao final uma Executiva de total unidade”, afirmou o presidente do PSDB em entrevista à Reuters nesta quinta-feira.
As dificuldades para obter a unidade no partido não são poucas e ainda estão potencializadas pela conjuntura política, como a criação do PSD pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
O movimento provocou a debandada de seis vereadores tucanos da capital para o PSD.
Nesse caso, o presidente tucano avalia que é “natural que os vereadores” sigam o prefeito, ex-DEM, já que eles estão ligados à administração municipal.
Os tucanos consideram que só saíram aqueles que tinham uma relação mais forte com Kassab do que com a legenda.
Alckmin quer Serra à frente de instituto ligado a PSDB “É uma perda, que não é relevante e que não significa que o partido está em crise”, afirmou.
A poucos dias de reeleger Guerra e escolher a nova Comissão Executiva do partido para os próximos dois anos, o PSDB vive momentos de turbulência, mas para o presidente tucano, “90% é marola”.
A convenção será no dia 28, em Brasília.
Segundo ele, ao longo da próxima semana será definida a formação da Executiva e a unidade é fundamental ‘para o partido dar um passo à frente’. “O partido não pode ficar dividido e não vai ficar dividido”, afirmou.
Apesar de classificar a maioria dos movimentos internos como marola, Guerra avalia que “olhar com lupa” para esses movimentos do partido é o que mais contribui para os desencontros dos dirigentes tucanos.
Sobre um eventual atrito com o ex-governador de São Paulo e candidato derrotado nas eleições presidenciais do ano passado, José Serra, ele nega.
Disse inclusive que foi incentivado por ele a dirigir o partido por mais dois anos. “Nos primeiros dias depois da eleição, ele me indicou e pediu que eu fosse candidato a presidente e lançasse minha candidatura.
Depois disso, o governador não falou comigo sobre cargos”, contou.
Guerra também tenta se desvencilhar do rótulo de aecista e das insinuações de que trabalhará para construir a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República em 2014. “Quando eu fui presidente da primeira vez todo mundo dizia que eu era gente do Serra. [Dizem isso] porque eu sou independente”, argumentou.
Questionado sobre a possibilidade de colocar outro ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, na secretaria-geral do partido para substituir Rodrigo de Castro, tido por serristas como homem muito ligado a Aécio Neves, o presidente tucano disse não que não vê motivos para a troca. “O Goldman pode fazer muita coisa no partido, ser secretário, ser presidente, ser vice-presidente, mas não precisa ser secretário-geral necessariamente”, afirmou. “Se a secretária-geral vai bem, por que vamos mexer nisso?
Por que um é de Aécio e outro é de Serra?
Isso não é unidade.
Unidade é ter o partido inteiro lá dentro”, argumentou.
Guerra disse que, até agora, a única manifestação que recebeu para compor o novo comando partidário partiu dos senadores tucanos que indicaram o ex-senador Tasso Jereissati, derrotado no Ceará nas últimas eleições, para presidir o Instituto Teotônio Vilela, “que não é órgão político, é órgão técnico”, afirmou, referindo-se à entidade de estudos e formação política do PSDB.
Assim como Fernando Henrique Cardoso, o presidente tucano diz acreditar que o PSDB precisa se aproximar da “nova classe média” e reformular o discurso para voltar ao poder.
Nesse sentido, planeja modificar radicalmente o plano de comunicação do partido. “Vou fazer um grande investimento de comunicação.
Comunicação própria.
O partido contrata agências de propaganda e o que é pior uma agência no Paraná, outra no Piauí e tem uma orientação em cada lugar”, afirmou.