Foto: André Coelho, em O Globo Adriana Vasconcelos, O Globo A uma semana da convenção nacional do PSDB, os tucanos ainda não conseguiram se entender sobre a divisão de poder entre os grupos internos no comando partidário.

A briga agora é pela direção do Instituto Teotônio Vilela (ITV), a fundação do partido.

A bancada do PSDB no Senado acabou atropelando as articulações do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para acomodar o ex-governador José Serra na presidência do ITV.

Numa reunião no gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG), na quarta-feira à noite, nove dos dez senadores tucanos reuniram-se com o ex-senador Tasso Jereissati (CE) e reiteraram a indicação de seu nome para o ITV, provocando novo impasse.

Para tentar contornar mais essa crise interna e evitar, assim, problemas para sua própria reeleição, o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), embarca segunda-feira para São Paulo para conversar com Alckmin e Serra.

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), único tucano que não referendou o abaixo-assinado da bancada em favor da indicação de Tasso, fez nesta quinta-feira um alerta aos colegas para o risco de um confronto aberto na convenção do partido. - Não existe entendimento, mas desentendimento.

O Aécio até me convidou para a reunião na terça-feira, mas eu não sabia para quê seria.

O Tasso até preencheria muito bem a presidência do ITV, mas é preciso se levar em conta que estamos definindo a nova composição do partido para que ninguém fique de fora, inclusive o Serra - cobrou o senador paulista.

Lucena diz que bancada não deve voltar atrás Já o senador Cícero Lucena (PSDB-PB), um dos responsáveis pelo anúncio da indicação de Tasso para o ITV, na quarta-feira à noite, considera muito difícil que a bancada tucana volte atrás na sua indicação: - Por mais valor que Serra tenha, não acredito que a bancada tire o apoio dado a Tasso.

Visivelmente constrangido, o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), confirmou o apoio da bancada à indicação de Tasso para o ITV, ressaltando, contudo, que não sabia do interesse de Serra no cargo.

Anteriormente, Serra já havia descartado essa possibilidade, quando ainda considerava assumir a presidência do próprio PSDB.

Após ser indicado pela bancada de senadores, Tasso, que não conseguiu se reeleger senador ano passado, não só anunciou que aceitava a indicação, como adiantou parte de seus planos: - Acho que será um trabalho importante para dar conteúdo e atualizar o programa de governo do PSDB.

Será com muito prazer que farei isso.

Aécio Neves minimizou o impasse na disputa: - Estou absolutamente convencido de que vai haver entendimento.

Não desejamos desalojar ninguém.

Tudo será resolvido sem disputas ou atropelos.

Nos bastidores, porém, o clima é de guerra.

Embora a indicação de Tasso tenha surgido inicialmente no fim de 2010, após a recusa de Serra em aceitar essa função, a renovação do convite esta semana não teria sido uma simples coincidência.

Ocorreu justamente a partir da movimentação de Alckmin em favor de Serra.

O temor da bancada do Senado, e dos aecistas, é que Serra possa usar a estrutura do instituto para tentar se manter na briga pela vaga de candidato do partido à Presidência em 2014, alimentando o racha interno.

Por isso, há quem defenda ser melhor enfrentar esse confronto agora.

As confusões não param por aí.

O deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), um dos principais aliados de Serra no Congresso, estaria ameaçando questionar na Justiça a reeleição de Sérgio Guerra, com base em um parecer jurídico que teria encomendado no ano passado para dirimir uma disputa dentro do diretório do PSDB na Bahia.

A alegação seria que Guerra não poderia disputar a reeleição, porque teve seu mandato prorrogado, e o regimento interno do partido estabelece que ninguém pode permanecer no mesmo cargo na executiva por mais de quatro anos.

O próprio Jutahy, porém, estaria há oito anos o mesmo cargo na executiva. - Isso não ajuda em nada, só contribui para um acirramento ainda maior do clima dentro do PSDB - lamentou o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira.