Pedro Soares, da Folha de São Paulo, com agências O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ontem em Londres que o ministro Guido Mantega (Fazenda) pediu à Petrobras para preparar um plano de investimentos “mais realista, menos agressivo, sem excessos” e com foco “na eficiência”.
Mantega preside o conselho de administração da Petrobras, do qual Coutinho é membro.
Coutinho disse que o plano da estatal é “ambicioso” e difícil de ser implementado. “Nós colocamos pressão para a gestão ser muito eficiente, porque se você não for eficiente em utilizar o Capex [investimento em capital], a taxa de retorno em muitos projetos vai cair.” O governo teme, apurou a Folha, que a estatal acelere muito os investimentos e dinamize, com isso, a economia em tempos de recrudescimento da inflação e num cenário de demanda ainda aquecida. É que o peso dos investimentos da Petrobras é muito grande na economia –o plano de investir R$ 224 bilhões até 2014 representa 6% do PIB do país em 2010.
Internamente, já há a disposição da Petrobras em postergar alguns projetos que estão em sua fase inicial, como as refinarias do Nordeste (MA e CE).
No primeiro trimestre, já houve redução de 11% nos investimentos.
A diretoria trabalha para manter, ao menos, os investimentos no mesmo volume atual.
Ou seja, não quer sinalizar ao mercado um corte.
O tamanho da redução e os projetos a serem adiados, porém, não foram definidos.
Dependem de novas discussões, que tomarão por base o resultado das análises e os estudos em curso.
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, reconheceu, em conferência com analistas, anteontem, a possibilidade de retração nos investimentos. “Fomos demandados pelo conselho de administração para reexaminar e prosseguir com estudos de sensibilidade.
Um desses estudos incorpora a redução do Capex, mas não é a única questão a ser examinada.
Há diversas variáveis em estudo.” Outro motivo determinante para um possível corte de investimentos é a menor receita prevista pela empresa.