Numa reportagem recente no jornal paulista, neste final de semana, a propósito de falar dos vários livros publicados, o deputado é questionado sobre política e acaba dizendo que foi para o PSB achando que era uma coisa e era outra.
Não esclarece que outra é esta, mas como está pulando fora, boa coisa não lhe parece.
Olha a entrevista concedida a Morris Kachani: PS: O trecho em questão está em destaque no final da entrevista Gabriel, o pensador O autor, que diz já ter vendido mais de dez milhões de livros e que cobra R$ 25 mil por palestra para entidades privadas, mira seu próximo alvo, a Prefeitura de SP MORRIS KACHANI DE SÃO PAULO Cinquenta e quatro livros lançados e dez milhões de unidades vendidas, segundo suas próprias contas, a um preço médio de R$ 35.
Palestras a R$ 25 mil o cachê, disputadas a tapa por estudantes e senhoras.
Apartamento duplex de 1.000 m2 estimado em R$ 8 milhões, no coração do bairro do Higienópolis, com piano de cauda e academia própria.
Terceira maior votação para deputado do país, com mais de meio milhão, atrás apenas de Tiririca e Anthony Garotinho.
E isso é só o começo.
Aos 42, Gabriel Chalita, natural de Cachoeira Paulista (SP), de ascendência árabe e vindo de uma infância modesta e religiosa, se prepara para lançar candidatura à Prefeitura de São Paulo, pelo PMDB.
Nos bastidores, isso já é dado como certo.
Seu currículo é singular e não se encaixa facilmente em nenhum rótulo.
Ex-secretário de Educação de Geraldo Alckmin, é graduado em direito e em filosofia e tem dois mestrados e dois doutorados pela PUC-SP.
Define-se como poeta, filósofo, contista, autor infantil, católico praticante (hoje ligado à comunidade carismática Canção Nova), mas acima de tudo, professor -atividade que mantém semanalmente na graduação e na pós daquela universidade e do Mackenzie.
E também ocasionalmente na Casa do Saber, da qual é sócio.
Ao receber a Folha, poucos dias depois de ter acompanhado a beatificação de João Paulo 2º em Roma, suas primeiras palavras foram a respeito da reedição de seu livro “Estações” e da amizade que mantém com a escritora Lygia Fagundes Telles -tema que retomou ao longo da entrevista, na tentativa de desconstruir a crítica recorrente de que se trata de um autor de autoajuda. “Estações” é o título de que Lygia mais gosta.
Ela diz que ou eu estava apaixonado, ou sofrendo de paixão".
Em seguida, enquanto posava para as fotos, afirmou: “Esses árabes bonitos são fáceis de fotografar”.
Folha - Em que estante deveriam aparecer seus livros?
Filosofia ou autoajuda?
Gabriel Chalita - Não sou um autor de autoajuda.
Isso é herança de quando o Serra brigou comigo.
Tentou me desconstruir intelectualmente.
De repente, acionou todos os seus amigos e blogueiros.
Eu era o geniozinho e virei o escritor de autoajuda.
Mas tudo que escrevo tem um enfoque filosófico.
E a religião?
Sou praticante.
Mas não sou uma pessoa religiosa cheia de dogmas.
Dialogo com as diferentes áreas da religião e inclusive outras religiões.
Vi umas dez vezes a peça “A Alma Imoral”, do rabino Nilton Bonder.
Que pensa do aborto?
Sou contra o aborto.
Sou um defensor ardoroso do direito à vida.
Há bens inalienáveis, como a vida.
Acha que Dilma e Serra também são contra ou foi apenas um jogo de cena?
Não sei.
Nas conversas com a Dilma, ela dizia que os ricos fazem e os pobres não, daí a injustiça.
O Serra acho que era mais favorável.
Que pensa da união civil entre homossexuais?
Historicamente, a Igreja não faz casamento entre duas pessoas do mesmo sexo.
Outra coisa é a vertente jurídica.
Duas pessoas do mesmo sexo podem ser sócias, ter uma relação afetiva.
Sou favorável a isso.
Não digo que sou favorável ao casamento.
Agora, à união civil, o Estado não pode ser contrário.
Isso é um horror.
Só no ano de 2010 foram oito livros.
Como consegue ser tão prolixo?
Trabalha com “ghost writer”? É que deve ter muito livro infantil aí.
O livro que fiz com o Mauricio de Sousa, por exemplo, escrevi no avião em uma viagem de São Paulo a Natal.
O “Pedagogia do Amor”, escrevi em 15 dias. “A Ética do Menino” foi no Réveillon.
Estava na casa de Ângela Gutierrez em Salvador.
A Milu Vilella sentou ao meu lado e disse: “Deixe-me ver como você escreve”.
O que você está escrevendo agora, a propósito?
Estou com um projeto sobre correspondências imaginárias entre Sócrates e Thomas More.
Em dez dias nos EUA, quase acabei.
Você escreveu de cabeça, sem pesquisa?
De cabeça, porque na verdade meu Sócrates é um camponês e meu More é professor.
Então, eu pego conceitos filosóficos, mas são diálogos.
Adoro escrever cartas.
Ficção com base epistolar é muito bonita.
Como funciona seu processo de criação?
Faço associações.
Por exemplo, os rituais macabros com albinos na Tanzânia que menciono em um livro.
Fiquei sabendo disso no Congresso.
E eu adoro o “Navio Negreiro”, daí eu pego a coisa da Tanzânia, e penso no pássaro que o Castro Alves imaginava sobre aquela nau, vendo aquele sofrimento.
Então, eu vou buscar o Castro Alves e coloco lá.
Quais são suas ambições daqui em diante?
Vou dar uma resposta aristotélica: ser feliz [risos].
Gosto de tudo o que faço.
Agora tem essa história de ser candidato a prefeito de SP -está surgindo essa oportunidade.
Fico imaginando o que faria como prefeito, tenho o maior tesão nisso.
Como define politicamente seu pensamento?
As políticas sociais são fundamentais, por isso estou mais à esquerda.
Acho que as grandes conquistas do governo Lula foram trazer a emoção para a política e tentar tirar as pessoas da miséria.
E FHC?
Tenho admiração pelo FHC.
E pelo Lula.
Acho que eles são mais semelhantes do que diferentes.
Mas tem uma coisa em que os tucanos erraram muito: eles achavam que era impossível fazer o sonho brasileiro.
E o Lula acha que é possível.
Se arrepende de algo?
Confiei em pessoas em quem não deveria.
Mas tento corrigir erros.
Por exemplo, acho que entrei no partido errado.
Quando fui para o PSB, imaginava uma coisa.
Cheguei lá e não era aquilo.
Como vou ficar, se é uma coisa em que não acredito?
Qual o seu personagem de ficção favorito?
Dom Quixote.
Tenho admiração por essa pessoa que consegue ver além, colocar poesia naquilo que faz.