Daniel Aderaldo, do iG O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), comandou o “Rally da BR”, percorrendo 104 quilômetros da BR-222 em protesto contra os buracos das rodovias que cortam o Estado.
Pelo menos 100 veículos fizeram a “trilha”, que começou às 10h30 no município Sobral e terminou cinco horas depois na sede do município de Itapajé (a 130 quilômetros da capital Fortaleza).
O ato estava programado para começar às 9 horas, mas os carros só partiram com a chegada do principal piloto.
O chefe do Executivo cearense estava a bordo de um moderno veículo 4X4 zero quilômetro.
Apesar de insistir que não foi o autor da ideia, o governador ditou o ritmo da carreata, parando diversas vezes no caminho para tirar fotos, encontrar lideranças políticas locais e discursar.
Durante todo percurso, Cid teve como “navegador” o prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, do PT, aliado que já foi seu vice nos dois mandatos como prefeito daquele município.
Cid explicou que topou participar do rally por considerar o protesto pacífico, criativo e bem-humorado, “sem que isso cause nenhum transtorno às pessoas que mesmo neste Estado têm que trafegar na BR-222”.
O governador reiterou ainda as críticas feitas ao ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, voltando a classificá-lo como “inepto, incompetente e desonesto”.
Em Itapajé, sobre um palco montado e ao lado de prefeitos da região e deputados federais e estaduais, Cid falou para cerca de 2 mil pessoas. “Como representante dos cearenses, tenho dever e obrigação de me reunir com o povo nesse protesto.” Os carros 4x4, na maioria picapes semelhantes ao modelo que o governo do Ceará adotou em sua administração, chamaram a atenção da população dos pequenos municípios de Forquilha e Irauçuba, que ficam entre Sobral e Itapajé.
A organização havia previsto que o rally passasse também por mais uma cidade, mas, quando Cid se despediu, os carros se dispersaram e o rally terminou antes de chegar ao município de Umirim, 33 quilômetros depois.
Com isso, o governador acabou decepcionando a população que aguardava a passagem da carreata.
Mesmo sem a presença de Cid, formou-se um imenso congestionamento no trecho que corta a cidade.
A confusão só foi desfeita cerca de uma hora depois com a presença da Polícia Rodoviária Federal.
O rally teve apoio de seis carros da Polícia Federal, viaturas do Corpo de Bombeiros, ambulâncias e um helicóptero da Polícia Militar do Ceará.
Divergências pessoais Questionado se tinha alguma prova contra o ministro que justificasse o adjetivo “desonesto”, Cid afirmou que não gostaria de misturar o protesto com “querelas pessoais”. “Tem que separar as duas coisas.
As divergências que tenho com o ministro dos Transportes existem e são claras, mas a gente vai tratar isso no campo da justiça”, disse.
Tapando buracos Antes de chegar ao destino final do rally, a organização chegou a encostar um caminhão carregado de areia ao lado de uma grande cratera na pista.
A ideia era que o governador descesse do carro para tapar o buraco.
Cid apenas informou para a assessoria que prosseguiria, frustrando as expectativas de quem esperava vê-lo empunhando uma pá em pleno sol de meio-dia.