Na Folha de S.
Paulo Há dez semanas, duas garotas de aparência europeia e formas voluptuosa provocam brasileiros no dominical “Pânico na TV!” (Rede TV!).
Em visita ao Brasil, Michaela e Dominika estrelaram o reality “As Tchecas do Brazil”: desfilaram na Sapucaí ao lado de Gisele Bündchen, passearam em São Paulo com microvestidos e jogaram capoeira no Pelourinho com Sabrina Sato.
O que o telespectador do programa de maior audiência da Rede TV! não sabe, no entanto, é que tudo isso não passa de uma pegadinha.
As loiras são garotas-propaganda de uma nova marca de cerveja, a Proibida, que será lançada pela CBBP (Companhia Brasileira de Cervejas Premium).
E a turma do “Pânico”, mestre em aplicar peças em celebridades, se envolveu na campanha de lançamento de uma marca concorrente de sua patrocinadora, a Skol.
O feitiço virou contra o feiticeiro?
Ou o “Pânico” está enganando o público?
Segundo comunicado da assessoria de imprensa da cerveja disparado na noite de ontem, o “Pânico” não sabia da campanha.
MARKETING VIRAL - Tudo começou com um viral de internet.
As loiras espalharam pela web brasileira pedidos de dicas para sua tão sonhada viagem ao país.
Ao adotar como sobrenome o termo “weluvbrazil” (corruptela de “nós amamos o Brasil”, em inglês), as moças enviaram mensagens via Twitter, Facebook, YouTube e num blog no Posterous.
Logo caíram no gosto de blogueiros e internautas.
Em um dos vídeos, a dupla dá uma deixa estranha: elogia a beleza de Sabrina Sato.
O apresentador do “Pânico” Emílio Surita contou à Folha ter visto as duas em um desses vídeos.
Legendado em português, o vídeo já havia sido visto mais de 1 milhão de vezes.
Impressionado, Surita fez a indicação de pauta. “Pedi para a produtora ir atrás.” Só que quem respondeu à mensagem do “Pânico” foi a equipe de marketing da cervejaria nordestina CBBP, que administrava as contas de Michaela e Dominika “Weluvbrazil” nas redes sociais.
A produção do “Pânico” diz que acreditava estar falando diretamente com a dupla.
Quando elas desembarcaram no Brasil -com as passagens pagas pela CBBP-, o “Pânico” já as esperava com as câmeras ligadas.
AZARÕES - Foi o presidente da CBBP, João Carlos Noronha, e seu diretor de marketing, Lucas Afonso, que escolheram a dupla pessoalmente em casting realizado em Londres.
Segundo Noronha, a estratégia montada para o lançamento da cerveja Proibida, feita a partir de uma receita tcheca, não mirava o “Pânico”, mas foram eles que “caíram na nossa história”.
O bordão “libera a tcheca”, criado por Sato, também não poderia vir mais a calhar.
Procurado pela Folha, Surita e o diretor-geral do programa, Alan Rapp, disseram desconhecer o engodo.
Afirmaram ainda não saber que Michaela é a personal trainer Michaela Matejkova, e que Dominika (a loira) é Alicia Seffras, modelo e atriz que nem tcheca é. “Pode ser que tenham nos enganado.
Usamos as meninas artisticamente”, disse Surita.
Na noite da última quinta, Rapp veio até a Folha para ver as fotos da campanha da Proibida estrelada pelas “tchecas”. “Só acredito na história quando a cerveja estiver no supermercado”, disse.
A Proibida deve chegar ao consumidor em junho.
A Ambev, detentora da marca Skol, informou que, se for confirmada quebra de contrato por parte do “Pânico”, o programa será acionado judicialmente.
PS: As tchecas inclusive já estiveram no Recife.
Pernambuco terá uma fábrica da nova cerveja.
Assim como o Ceará, também vai “liberar a tcheca”.
Leia o que o Jornal do Commercio deste sábado (14) publicou: Os pernambucanos terão uma nova opção de cerveja em junho.
A novidade se chama Proibida e competirá, de início, com as cervejas tipo pilsen premium, a exemplo de Devassa, Heineken e Stela Artois.
No total, a Companhia Brasileira de Bebidas Premium (CBBP) investiu R$ 60 milhões na construção de uma fábrica em Pindoretama (CE), com equipamentos industriais de última geração.
O próximo passo será investir a mesma quantia na instalação de uma indústria em Pernambuco, ainda em 2011.
Além da novidade em si, o que mais chamou a atenção da bebida foi a sua campanha de Marketing, bem diferente das tradicionais.
Pensando em como pôr a marca na mídia, João Noronha (presidente da CBBP) e Lucas Afonso (diretor de Marketing) decidiram trazer duas checas ao Brasil para divulgarem a Proibida.
Com um detalhe: tudo isso sem o conhecimento do público.
No total, foram investidos R$ 350 mil nessa campanha. “A Proibida é uma pilsen inspirada nas melhores cervejas do mundo, fabricadas na República Checa.
Pegamos a melhor receita e adicionamos o sabor e a irreverência do brasileiro.
A ideia foi trazer o país europeu para o imaginário do brasileiro, através de relacionamentos pessoais.
Para isso, criamos as personagens Dominika e Michaela”, esclarece Lucas.
Para o leitor que não está entendendo nada, eis a explicação.
Desde dezembro do ano passado, duas checas produziram vídeos, onde mostravam a enorme vontade que tinham de conhecer o Brasil.
Para isso, criaram o blog “We Luv Brazil” e, a partir daí, desenvolveram uma relação de amizade com milhares de brasileiros no Twitter e Facebook.
Ao virarem webcelebridades, chamaram a atenção de um dos principais programas humorísticos brasileiros, o Pânico na TV.
Em março deste ano, Dominika e Michaela vieram ao Brasil, a convite do próprio programa, e participarem de um reality show.
Nele, viajaram pelo País com Sabrina Sato e equipe, chegando a desfilar no mesmo carro alegórico de Gisele Bündchen e a curtir festas ao lado de celebridades. “Toda a ação foi muito bem planejada e executada para que nem a produção do programa nem nenhum outro veículo desconfiassem que elas guardavam um segredo: liberar uma cerveja premium inédita no Brasil”, explica João Noronha.
Nessas gravações, palavras como Proibida, o ditado checo “Dej buh stesti” (que está no rótulo da cerveja e significa “Deus nos dê sorte e alegria”), e o símbolo da marca foram utilizados de forma subliminar, antes de o produto chegar às prateleiras.
A empresa, que antes mesmo de estar no mercado já criou uma briga com o Pânico, uma vez que o programa é patrocinado pela Ambev, também não revelou o seu preço, mas garantiu que será mais cara que a Skol e mais barata que a Heineken.
Ela será vendida em três formatos: long neck, lata e 600 ml.
Outras informações no site www.proibida.com.br.