Pelo tamanho da reação com as ameaças das legítimas entidades médicas do país “a Secretaria de Direito Econômico (SDE), vinculada ao Ministério da Justiça, em vista do movimento médico deflagrado em 7 de abril de 2011, encaminhou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) nota técnica recomendando a condenação do Conselho Federal de Medicina, da Associação Médica Brasileira e da Federação Nacional dos Médicos, bem como a adoção de Medidas Preventivas”, a força da classe se manifesta.
Num momento ímpar na história da luta por relações mais justas de trabalho com as operadoras de planos de saúde, num momento de tal importância que não devemos deixá-lo passar sem uma reflexão profunda e rápida, antes que a conjuntura se desfaça, distorcida por forças obscuras que querem manter o nível de intermediação/exploração do trabalho médico.
Só é explorado quem quer.
Quem precisa de plano de saúde não é o médico, mas o dono, que fica cada vez mais rico.
Quem precisa do médico é o paciente e também o dono do plano de saúde. É hora, e mais que nunca, de pedirmos o descredenciamento.
Atendermos ou por nossas cooperativas ou diretamente com o paciente, que deverá utilizar seu plano de saúde para o ressarcimento do valor da consulta e também para realização de exames complementares, internamentos hospitalares, custos de procedimentos, etc… mas para o trabalho médico, não. É hora de darmos um basta.
Não somos obrigados a sermos explorados, se o somos é porque permitimos.
A crueldade da exploração do homem pelo homem ou por instituição dos que vivem do trabalho alheio, é que ela introjeta o modelo do explorador na alma do explorado, tornando-o um verdadeiro escravo de sua própria condição, então o trabalho ao invés de se tornar um processo de libertação da humanidade passa a ser a própria perpetuação da sua condição de escravo.
Um explorado reproduz o modelo do seu explorador em outro ser humano mais fraco e este por sua vez no próximo, numa cadeia cruel e perpétua.
Um médico ou uma médica que não pode se dispensar de “ganhar” R$ 20,00 ou R$ 30,00 por uma consulta, ou tem medo de a perder, tem que repensar se realmente é um médico ou uma médica.
Assuero Gomes Médico pediatra assuerogomes@terra.com.br